a única razão pela qual eu insisto no hábito de criar diferentes estratosferas em torno do que me cerca é a manutenção do hábito glorioso de me perder nelas - hábito este, que fui adquirindo com o passar do tempo, pelo simples e puro prazer da repetição. observar as coisas por um prisma imaginário que é, em sua totalidade, um produto do real, demanda um aperfeiçoamento cada vez mais rígido do que eu sinto sobre o que vejo, toco e vivo - justamente porque tudo o que está ao meu redor é, de modo totalmente imperativo, transitório. a permanência é uma ideia de estado que me aterroriza constantemente. só não me peçam pra ficar. ir e vir pela minha mente depende diretamente do movimento, da transposição, das cenas que se somam conforme encurtam-se os diálogos. deixem-me divagar em toda a plenitude da palavra. eu sei que é preciso.
domingo, 28 de dezembro de 2014
terça-feira, 18 de novembro de 2014
a long way home
talvez eu já tenha passado por isso em proporções menores. o que há de diferente nessa vez é a maneira na qual meu mundo se dobrou às maneiras e às limitações que me sufocam, dia após dia. depois de muito tempo podendo optar, fui deixado completamente sem opção. estou subordinado à quem se dispôs a me resgatar e já não me sinto mais invencível. pelo contrário, eu sinto que se em qualquer desencontro do tempo eu fosse vítima da morte, não seria de tudo ruim. e a resposta é sempre tentar voltar pra casa.
domingo, 12 de outubro de 2014
NOTHING something
existem certas quedas que tem seus fins nelas mesmas. por mais ultrajante que possa parecer, no que se diz respeito ao desenrolar dos fatos, tudo se justifica em sua própria existência. o porque está no físico dos lugares em que dividimos lanches, espelhos que nos olhamos, elevadores em que pude te olhar com mais atenção. o porque está na atmosfera atemporal de todos os momentos que trocamos palavras, provocamos risadas, mudávamos o tom de voz. pensando bem, se eu fecho bem os olhos, consigo lembrar da ponta dos teus dedos procurando as minhas no banco de trás do carro – existe algo de triste na inconsistência da recordação. a maneira com a qual elas se tornaram escassas e deixaram de aparecer espontaneamente no que eu penso foi um prelúdio ao fim. prelúdio este que, agora com as luzes acesas, entendo que você tenha deixado escapar pelos dedos, ou pelo menos tentado contrariar. pareço pertencer a uma onda diferente da que você se perde, predestinado à andar por paisagens cujas quais os cenários faíscam e queimam a pele a qualquer sinal de desatenção. obrigado por me mostrar que existem outras perspectivas de se encarar a vida. eu, infelizmente, não posso fugir da minha ainda.
segunda-feira, 22 de setembro de 2014
sleepless
as I was left with absolutely no other choice, I couldn't help falling in love with you. but there are also other places my mind visits from time to time that I cannot avoid going in. I still have some pretty heavy issues from my past that follow me around everywhere I go. there are other looks I cannot run from as there are other expectations and other places I've dreamed about so heavily the past few months. I'm not delusional enough to think those other things will just disappear on the blink of an eye. I just want you to tell me if I'll ever succeed when it comes to progress and wrapping my head around things that are already gone. is the present ever enough, or is it just some kind of distraction? I feel lost in this incredible haze I've put myself in. there's really nowhere to go now.
segunda-feira, 8 de setembro de 2014
blackout/light sprawl
the way you acted last week unleashed a haunting that seems to hover me over and over again. my thoughts are filled with the idea that you have stablished some kind of behaviour that comes out of you all of the sudden and I can't fight back: you were so incisive and certain of the way you made up your mind when you called me. althought you had no complaints about me whatsoever, netheir my possible reaction nor the consequences of your act were even a part of your decision making process. we both know that you've made a mistake, but apart from being mistaken, what made you come for me again? can I ever really trust your friends after what happened? can I demand from you exactly the same things you demand from me? and more importantly, can I ever trust you again? and if so, what is it that will make me find strenght in myself to allow me to do so? my head's filled with a thousand questions like those. I wonder how will you ever answer them.
sábado, 6 de setembro de 2014
my aspiration in life?
it's funny to watch the way I shift. since you came along, I no longer understand what's happening. one second I am emerging on your sea and then again I'm drowning deep into you a second later. isn't everything supposed to be linear and calm? shouldn't I give the sun another shot at me instead? I want to fall in love with the way it's light kisses my skin as I'm left with absolutely nothing on a saturday afternoon. can I not care for a whole minute for Christ's sake? I'm aware that people overrate peace, but I don't know if I'm ready to shift from a lover to a warrior out of the blue every time you decide things aren't good enough. I'd rather lead things calmly and quiet. I want to hear the sound of the morning breeze as it strokes my hair gently. that's all I'm asking for.
sexta-feira, 29 de agosto de 2014
retrograde/future sights
estou me atentando às faíscas que saltam de você. brilham geladas no seu olhar, repousam suaves sob os meus ombros com a tua voz. nascem e vivem brevemente, morrendo rápidas e singelas. algo me impede de desviar o olhar das luzes que as incendeiam, e acabo por fim acompanhando todo o processo até que elas desapareçam junto á poeira. acabo perdendo tudo o que você diz nesse meio tempo e tento voltar rápido a realidade dizendo a primeira coisa que me vem á cabeça. geralmente não consigo endireitar as palavras e você as aceita, mesmo tortas, abrindo um sorriso no canto da boca ou um olhar de surpresa apaixonante. o que me preocupa é a procedência desses pequenos raios de fogo. estou perdendo o sono ao sequer imaginar que eles possam ser, de alguma forma, anúncios claros de futuras tempestades - manifestações minimalistas de catástrofes. os desastres, imprevistos e a completa destruição são componentes do caos que permeiam as minhas histórias e que depois de tantas quedas tornaram-se acontecimentos corriqueiros. me perdoe por pensar dois passos à frente, mas eu realmente não consigo evitar. eu sei que com você existem grandes chances de que as coisas podem ser completamente diferentes. peço perdão de novo. não consigo evitar.
segunda-feira, 25 de agosto de 2014
birthday voicemail
"it has been a while since we've last spoken to each other properly. I guess that the fact that you're kinda edgy slowly drifted me away from you in the same way as the fact that I'm a stone-head kept you away from me. but when we look at this puzzle as a whole picture, it all happened so naturally. the way the pieces fit together hides the amount of pain and regret that fills up our whole story. it took me sometime to realize you were acting like a jerk most of the times, mainly because I was madly in love with you. you were right taking advantage of that, after all, you acted like most people would act underneath those circumstances -– but I pity you for taking that road. I feel sad for how you search for satisfaction in the most cruel levels to fill up how empty your life is. but I guess that's a journey of self-discover that is up for you to take, whenever you feel you have to. today's still your birthday and that's really the most far I can go when it comes to wishing you a lifetime of happiness. but don't take me wrong, I can literally say those words to whomever I want to because everyone should be happy someday – even criminals or liars such as yourself. and as your age rises, I hope your ego goes the other way, because there's no other principle in humanity more important than being humble and kind to one another. that's the scar of reflection you left in me when you were gone. happy birthday."
quarta-feira, 20 de agosto de 2014
no more honey
o tédio assombra as horas que sobram e repousa sob os meus ombros quando me encontro nas entrelinhas do tempo. entre um lugar e outro, enquanto espero ansioso. apago as luzes da minha mente até algo me despertar pra o que é real. o problema é que, quando todas as jornadas são inconscientes, todos os destinos parecem acasos desconexos (que por sorte e felicidade tenho conseguido descrever como coincidências). mas eu não posso apostar nesse lado da moeda o tempo todo. o jogo pode virar em qualquer instante justamente por eu não entender o desenrolar das coisas nem antes e nem depois que elas acontecem. minha rotina pode ser reduzida à mesma dinâmica imposta por andar numa corda bamba. talvez possa te parecer loucura viver em um mundo em que a inconstância é realidade constante. por enquanto, estou me virando bem, obrigado.
terça-feira, 19 de agosto de 2014
age of consent
a ideia de você perpetuou a rua conforme eu contornava a esquina. e enquanto os metros que nos separavam se tornavam mais escassos, fui sendo entregue à rua que tinha o teu cheiro, às calçadas pelas quais te vi sorrir, às paisagens nas quais te fotografei mentalmente todas as outras vezes. tudo era você e me trazia você. sinto que poderia voltar agora, se você me pedisse. estou aficcionado nos momentos que precedem sua presença, justamente porque eles guardam as mais felizes coincidências regradas pela antecipação. tudo o que você é me faz amar tudo o que te envolve e amar tudo o que me guia até você. e hoje vivo pelos momentos em que sua mão vai de encontro a minha, no banco de trás do carro. vivo pela esperança de que seja sempre assim.
sexta-feira, 25 de julho de 2014
head over heels '88
talvez eu tenha dito algo de errado no carro. existem partes dos dias que não me recordo muito bem. quando percebo, já falei milhões de palavras, já acendi vinte cigarros um após o outro, já fiz comentários sobre o mesmo assunto duas ou três vezes na mesma conversa. minha mente passa o dia inteiro se culpando pela maneira como tudo se deu até agora. fico em silêncio porque minha cabeça está tomada por um pensar ensurdecedor. todas as minhas conclusões parecem vagas. elas se dispersam na fumaça, e projetam lacunas nas paredes. são imagens recortadas, banhos de sangue, dias de sol. minha visão embaça com o ritmo da luz que vai e retorna, oscilando friamente sob os meus ombros. estou aterrorizado pela ideia de ficar à margem das coisas, esperando que o destino me guie com suas próprias mãos. no final das contas, acabo fazendo tudo o que posso e não posso fazer. os resultados são inesperados. e quando as coisas batem à minha porta, quem sou eu para mandá-las embora?
domingo, 20 de julho de 2014
pour a little salt
existe uma série de desdobramentos quando se decide mudar as prioridades. durante todo esse período eu pude perceber o quanto as pessoas se fecham em si mesmas com o passar do tempo. seus princípios os incham até criarem calos, seus medos os cegam, seus arrependimentos e suas culpas os impedem de agir normalmente. faz parte da dor a experiência de agonizar. ela sempre precede o alívio, que a estanca pra sempre. talvez eu tenha corrido atrás de todos esses socos na cara pra me precaver de que qualquer dor depois seja insuportável. realmente, as pessoas não mudam. mas o que elas querem nunca para de mudar o tempo todo.
quinta-feira, 10 de julho de 2014
lost my breath now
eu escrevo isso sem total consciência do que se deu depois de todas as vezes que decidi que era hora de partir. ainda encontro escombros pela rua, fotos que inundam a tela do meu celular, escadas rolantes sujas de sangue. cansei de tentar me achar nos lugares errados. talvez eu não seja um camaleão: minhas sobrancelhas reprovam frases que saem tortas, meus pés batem descontroladamente contra o chão quando eu quero ir embora. sou a figura impressa do imperfeito e não quero nada que me seja dado goela abaixo. verdade seja dita, grandes homens sabem a hora de jogar a toalha. talvez seja a minha vez.
sexta-feira, 4 de julho de 2014
watch out for yourself a little
as paisagens da estação pareciam quebradas. a lente do meu óculos queimava contra o sol e tudo o que eu via tomava escalas de verde. a solidão é palpável e é também uma opção. não é que eu esteja tentando me achar ou nada do tipo, eu só estou preferindo deixar as coisas ao acaso e viver só comigo mesmo o que só eu posso viver.
segunda-feira, 30 de junho de 2014
un-shatter
existem certas coisas que eu tenho vergonha de assumir. principalmente quando se diz respeito à fraqueza. mas sim, eu fui fraco por alguns segundos. você abriu mão de tudo num tiquetaquear do relógio. eu tive pouco tempo pra procurar algum outro sentimento e cedi. por mais que eu tenha tentado lutar, mesmo que pouco, não havia outra maneira pra se sentir. o ressentimento banhou minha mente e a visão ficou turva enquanto eu recolhia os pedaços de nós debaixo do céu frio de sexta-feira. o tempo parou de repente. pela primeira vez em meses eu não sabia o que falar e nada mais importava. o cenário ficou estático e as pontas dos meus dedos começaram a tremer. lembro que findei o momento antes mesmo que eu pudesse perceber. meus olhos vermelhos cerraram e eu voltei ao chão. tirei minha arma empoeirada da mochila e, sem hesitar, baleei todas as coisas boas que você despertou em mim. talvez eu tenha sido rápido demais no gatilho, mas ali, com os dedos apertando a blusa e a luz escassa, eu senti que eu precisava me libertar de qualquer coisa que começou em você e veio parar em mim. já se passaram dois dias e as suas palavras ainda me assombram. agora, elas já são muito mais raras no meu pensamento. perdê-las de vista me custou alguns tragos, me deixou de olhos baixos, me fez perder todo o ritmo do final da semana. hoje eu deito com a mente tranquila. talvez os restos de você saiam de mim pela manhã. já estou pronto pra deixá-los ir como deixei você ir também: em paz.
domingo, 22 de junho de 2014
dancing in the darkness now its three years before I was feeling so heartless
eu ainda me lembro vagamente de como as coisas se sucederam. as dúvidas floresciam rápido demais na minha mente conforme o andar do trem. por alguns segundos tudo pareceu inconstante. a culpa talvez tenha sido dos vidros sujos que escondiam as paisagens que tornei habituais. algo me impedia de transcender: ir além das interrogações nunca havia sido uma tarefa tão árdua. durante todo esse tempo eu tive que reaprender tudo o que eu julgava saber simplesmente porque as pessoas são imprevisíveis. meus ombros estão cansados de rotas, estradas e horas que passam devagar. a expectativa impõe ao tempo um ritmo infinitamente mais devagar. saí de todas as lições como se deve sair: com os punhos cerrados e os olhos roxos. o trem para em mais uma estação. talvez seja agora a hora de fazer valer a pena.
segunda-feira, 9 de junho de 2014
greater
algumas palavras levam certo tempo pra permear na minha mente. as mais estranhas se assentam quando passo pela terceira esquina da avenida, todos os dias pela manhã. as deixo do lado de fora quando entro no elevador e a resgato quando vou embora, jogando-as no lixo antes de chegar na estação. esses pequenos espaços de tempo em que minha mente gira em torno de contextos, causas, lugares, tons e horários me entregam conclusões de maneiras assustadoramente precisas e adequadas. no final de cada dia, cada final de semana – depois de todas as quinta-feiras mau dormidas – eu sei exatamente o que fazer. e os problemas explodem fáceis, um a um, escorregam como grãos pelos dedos, explodem como fogos de artifício silenciosos no horizonte. eu quero poder estar em qualquer lugar e ainda sim, estar em paz.
terça-feira, 20 de maio de 2014
goodbyes
eu aprendi a me apaixonar por tudo que flui fácil e devagar dessa vez. me perco em tudo o que persiste e deixo pra trás o que foi indomável demais e se perdeu no caminho. a vida mudou todos nós e ela sequer começou a rolar os dados. eu não quero acumular jogos sobre jogos, madrugadas sobre madrugadas, telefones que não atendem sobre mensagens mal-respondidas. eu também estava apenas de passagem, mas fiz o melhor que pude pra que a jornada fosse boa. certas pessoas são apenas propulsoras na vida, que te acompanham de um lugar até o outro e sabem a hora de partir. eu espero ter sido pra você o que você foi pra mim: um meio-do-caminho, quase que uma feliz casualidade do destino com data de validade. já ando por ruas que irradiam outras cores, novas realidades, novos momentos. mas, fica aqui o meu obrigado e boa sorte. talvez um dia a gente se veja.
quinta-feira, 15 de maio de 2014
berlin lovers
é engraçada a forma como eu posso deixar todos os pensamentos que envolvem você simplesmente fluírem. não tenho me preocupar até onde eles irão chegar, como chegarão e se eles serão os mesmos quando chegarem. estou apaixonado pela forma como posso me permitir quando algo te envolve.
quarta-feira, 14 de maio de 2014
grins
estou guardando essa náusea há meses. fico à margem das convenções recolhendo desentendimentos e me tornando um mero espectador. minhas mãos não tremem mais quando tenho que levantar a voz e a cidade não me parece mais tão ameaçadora quando vista pela janela do ônibus. tudo morre em paz e eu contemplo tudo o que me é desconhecido. dentro de mim quebram ondas de calmaria. todas elas se dissipam na consciência, devagar..
quarta-feira, 30 de abril de 2014
the act of leaving
é muito fácil se deixar levar quando não se tem nada a perder. no final de tudo, todas as complicações ficaram embaraçadas por entre meus dedos e eu não tive outra escolha a não ser incendiar todo o emaranhado de linhas. caíram todas no chão como se não pesassem nada e as deixei para que o vento as levasse. é difícil assumir que depois de todo este tempo, eu coloquei tudo a perder. cerro os punhos e os aperto contra o meu peito. tudo o que eu tenho agora é o que eu acredito. mas não sei no que acredito mais.
quinta-feira, 17 de abril de 2014
½ loaded
por horas eu tentei não dizer nada. bom, pelo menos nada que fizesse sentido ou realmente importasse, mas eu pude sentir a adrenalina começando a esquentar todas as minhas veias. meus alvos estavam cada qual em seus lugares e meus dedos desciam pelos meus bolsos de trás. salvem-se. eu já perdi a habilidade de não me meter em confusão há muito tempo atrás.
quarta-feira, 16 de abril de 2014
lust
algum estranho suor escorre pela pele que cobre minhas veias. desce gelado escorrendo pelos meus braços e assenta, espalhando-se no pulso. mal consigo reagir instantaneamente, mas repouso meu olhar um pouco mais para cima - tentando dizer o que o corpo atrasou demonstrar. e à noite, tudo acelera: as luzes cor-de-rosa das paredes cobrem ombros que descem as escadas rápido demais, as filas para os banheiros aglomeram-se junto às portas, enquanto eu escapo para a primeira que vejo. a luz fraca torna tudo turvo, e antes que eu possa notar, já estamos longe demais. as paredes verdes e você. ali nada mais importava. sorri com o canto da boca no metrô de manhã quando todas as memórias transbordaram pra consciência. logo sumiram novamente. eu sorri, envergonhado. isto é tudo que eu tenho agora.
terça-feira, 15 de abril de 2014
to be loved
todas as possibilidades do mundo se resumem em apenas duas quando se sofre. eu poderia chorar por dias. eu poderia fingir que nada aconteceu e fazer da dor alguma espécie de lar. estou lutando contra todas essas escolhas e construindo pouco a pouco uma opção diferente. transformo todos os ambientes em escapes em que eu não tenha nada além de mim mesmo e aprendo a amar quem eu sou e nada mais.
domingo, 30 de março de 2014
met before
que a verdade seja dita: todos nós estamos caminhando sobre cacos. antigos relacionamentos, paixões não correspondidas, famílias que se entendem mal. sempre irá existir algo complexo ou doloroso demais que nos estanca e nos obriga não a resolvê-los, mas sim a os colocarmos nos cantos mais inóspitos da nossa memória na vaga esperança de esquecê-los. existe algo de perigoso neste reposicionamento das cenas, porque ninguém jamais pode garantir que qualquer faísca saia do controle, acendendo antigas chamas e iluminando tudo o que nos fez passar dias e semanas em claro até finalmente conseguirmos apagar as luzes para não os termos que encarar mais. tudo o que diz respeito às lembranças foge inteiramente do meu controle. talvez sejam as cores fortes que pintaram cada quadro, cada som que deu tom aos momentos, cada palavra no final de frases que eu jamais esperei ouvir. algo me impede de deletá-las por completo. o que me resta, então, é andar sob esta linha perigosa, e aprender a contemplar toda a beleza por trás da incerteza dos fluxos da mesma maneira em que eu costumava me perder na minha paixão por cada momento que passou.
segunda-feira, 24 de março de 2014
lioness
eu sou familiar com a ideia de tempo. a noção de progressão é a almofada em que me deito todas as noites. muito do que acontece pode durar um segundo ou semanas, e eu, apesar de conseguir fazer dessa incerteza uma espécie de conforto depois depois que tudo chega ao fim, tento ir do zero ao cem o mais rápido possível. tive me acostumar com a ideia de que algumas coisas simplesmente existem pra acabar – na vida, pouco se dura pra sempre. esse ciclo me fascina e me espanta com a mesma intensidade. eu não quero perder o que se passa com o que já me é indiscutivelmente eterno por estar totalmente focado olhando temporariamente para o outro lado. talvez eu seja viciado na improbabilidade, nos lugares que se alternam, nas festas que sobrepõe-se umas às outras. encho meus dias com maratonas. vou encaixando uma série de lugares à outros, uma série de cenas às outras. cumpro todo o meu percurso com copos que se revezam nas minhas mãos, cigarros que emendam brasas, músicas cada vez mais altas - tudo cresce e acaba como um arrepio que vem de dentro e se dissipa na flor da pele. quando tudo silencia o dia já está pra amanhecer, e eu mal posso segurar meus olhos abertos.
quinta-feira, 20 de março de 2014
sights
antes que eu pudesse me atentar às luzes dos postes que traçavam linhas no horizonte frio, eu já havia sido deixado pra trás de mãos vazias. ainda estou preso às dobras do prédio cor-de-rosa, às ruas estreitas, às mesas do café – tudo volta no exato momento em que eu fecho meus olhos e me forço a esquecer. eu perdi em todos os jogos em que me dispus a jogar. deixei tudo de lado e permiti que meu sangue corresse por você. e tudo o que fluiu, em algum momento tornou-se uma avalanche, descolorindo o que eu costumava acreditar. as coisas perderam a capacidade de mudar. o ponteiro do relógio gira exausto, e desta vez me olha com pena. não há mais nada que ele possa fazer. hoje eu descanso sob os meus próprios braços. talvez seja assim como as coisas devem ser.
quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014
born killers
I took a deep breath and shut my eyes as I pressed the reboot button. it wasn't logic – I just had to get rid of everything that didn't suit me anymore. and when I was finally left with nothing, there wasn't anything else I could do besides hoping for the best: a better job, a healthier way of life. and finally, I felt like I had the strength to redeem my (otherwise fucked up) search for love.
this urge led me nowhere but to one dead-end after another so far. somehow, in order not to drop it, I'm shifting my roads everytime I run into them this time. I really don't want to give up again.
domingo, 9 de fevereiro de 2014
tsunami

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014
fault
minha mente anda em círculos em torno de lugares perigosos a serem revisitados. eu passo o dia todo me forçando a não montar cenas, traçar conclusões. tento não ensaiar palavras. todo o esforço que por horas me parece tão necessário se desfaz em poucos segundos e tudo foge de mim em um furacão. breve e derradeiro. eu devia ter te avisado isso desde o começo, mas algo me impediu. talvez tenha sido minha eterna falta de coragem ou alguma esperança de que dessa vez eu poderia ser diferente - alguém melhor. eu já fiz tudo o que estava ao meu alcance pra ser um pouco menos eu e muito mais você. e o que me espanta é que já desde a primeira vez, eu não precisei me afundar em correntezas profundas pra falar o que você queria ouvir. mas eu não sabia que ia ser assim. e mais uma vez aqui estou eu pagando o preço da tão confortável negação - repassando as últimas semanas repetidamente na minha cabeça. e talvez eu jamais saiba o porquê.
domingo, 19 de janeiro de 2014
last night
nenhum lugar me parecia longe demais. as luzes no teto, os olhares que se cruzam, mãos que se atam na saída do fumódromo, e eu contra você. a noite ia do êxtase à perdição no olhar. por não saber o que você quer, eu também me permiti a não saber de nada mais. mas seja lá o que for, onde for, como for - agora de você eu só quero mais. prometo permanecer com os meus olhos fechados e deixar você me levar pra onde você quiser. aprendi a amar as pequenas brechas das portas à noite, e a fazer das janelas entreabertas as minhas melhores amigas. deixo a chuva me encharcar de dúvida. nada é meu.
quarta-feira, 15 de janeiro de 2014
adore you
I'll be looking over the rooftop edge while you would rush in to the last floor as soon as you notice I'm in the building. this would happen in the most important day of your life: maybe your first exhibit at the MoMA or your first job as an international art hostess at some fancy hotel in europe. I asure you I will be there waiting for you to show up at some point, but I'm not sure if we will actually get to bump in each other while surrounded by the city lights. maybe it would take you too long to realize I'm around - or maybe I'll freak out and leave, dropping my still lit red marlboro and letting it burn itself to it's very end while I take a cab back home. I wish I could just gaze deeply into your eyes and disappear the second after I did so. that way I could fulfill my deepest desires: to finally find out if you're ok and then not ruining your life afterwards by staying on it. I would be gone and that would be harsh at first, I know that. but I'm sure we would get our minds to settle a few days later, like we always did. besides, you kinda got me tired from all these years - when I used to pour myself all over you constantly and then somehow push you back. it's been so long since the last time we felt natural and things always turned out to be so easy. it's been so long since our love felt like it was pink. maybe it's burgundy-colored now. but I still adore you. from a distance.
domingo, 5 de janeiro de 2014
turns
is it too soon for me to start taking turns? should I be going through love songs lyrics on my head already? I haven't had enough time to establish myself as me again since you left. I'm still stuck on the perfect curves your lips drew over mine, still stuck on the sound of your laugh, on the way that you smoke your cigarettes. everything you do is so genuine and gentle that I couldn't take my eyes off you for a single second. you got me so high that now I wonder if the things I said made me sound stupid. I'm already having panic attacks when I try to figure out if there was any kind of flaw in the things I talked about or in the way I acted. I'm frightened and I mean that in the best way possible. this is the feeling I love the most in the entire world: the good thrills - those ones that keep you going by scaring you and fulfilling you with happy thoughts at the same time. I'm willing to take this risk, 'cause I'm nowhere near done. and if things don't work out in the way I'm expecting them to, fuck that. I'm grateful either way. I haven't had such a pleasant afternoon as this in years.
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