talvez eu tenha dito algo de errado no carro. existem partes dos dias que não me recordo muito bem. quando percebo, já falei milhões de palavras, já acendi vinte cigarros um após o outro, já fiz comentários sobre o mesmo assunto duas ou três vezes na mesma conversa. minha mente passa o dia inteiro se culpando pela maneira como tudo se deu até agora. fico em silêncio porque minha cabeça está tomada por um pensar ensurdecedor. todas as minhas conclusões parecem vagas. elas se dispersam na fumaça, e projetam lacunas nas paredes. são imagens recortadas, banhos de sangue, dias de sol. minha visão embaça com o ritmo da luz que vai e retorna, oscilando friamente sob os meus ombros. estou aterrorizado pela ideia de ficar à margem das coisas, esperando que o destino me guie com suas próprias mãos. no final das contas, acabo fazendo tudo o que posso e não posso fazer. os resultados são inesperados. e quando as coisas batem à minha porta, quem sou eu para mandá-las embora?
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