domingo, 31 de outubro de 2010

I'm not in love

talvez o forro da cama tenha perdido todo o encantamento um pouco antes do esperado. lembro das últimas palavras, letra por letra, as últimas palavras que você disse. acompanhadas dos toques suaves dos dedos escorregando devagar. foram as últimas que mexeram comigo. as últimas que antecederam o entardecer antes de você ter que ir embora. seria mentira minha dizer que não sinto falta de nada quando olho pra trás. mas o vazio dentro de mim acabou se tornando abrangente demais, rasgando tudo o que se apropriava. dessa vez, ficarei sólido, gélido, pálido. não vai doer, porque de qualquer maneira, faz muito calor aqui, muito frio lá fora, e o tempo mata tudo devagar.

sábado, 30 de outubro de 2010

pick up the phone

parecia perdida dentro de mim. meu pulmão doía a noite quando eu me contraia tentando esquecer. não sei se me deram meu remédio de manhã, não sei se acordei, não sei se debaixo das cobertas estava quente. a lua pintava as nuvens com cor de luz, acima de mim. debaixo do mesmo céu, sonhando o mesmo sonho. o passo ritmado do relógio de madrugada queimava os olhos, dessa vez cansados. sentei na mesa e pela janela vi os postes, e as casas. todas as janelas misturavam suas cores na mais completa escuridão. joguei todas as palavras fora. acho que sem querer, algo escapou de mim.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

my spine

não haviam recuos no meu sonho. eu me aproximava rápido demais, metralhando todo o amor que me restava na sua face. não houveram recuos. meus olhos fecharam mas eu vi de todos os ângulos possíveis, inclusive quando você fechou os seus também. ás vezes cabe a nossa mente criar o que perdemos, pra acordar de manhã tentando lembrar. depois que acordei, tentei dormir de novo. mas você não estava mais lá.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

yours is in the post

todos esses fins são completamente inevitáveis. meus olhos varam vagamente a cidade procurando por nada, e viram-se pra escada pra ver se você a sobe em busca de mim. talvez machuque mais da maneira que eu pense que machuque, mas agora, talvez.. os sonhos tentam apagar você de mim. a minha dor já foi, a próxima... a próxima é a sua.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

mute

resolvi cessar as palavras. dar um nó na garganta, pra que nada saia. era tarde demais pra falar alguma coisa. tarde demais pra criar perguntas, pra contar histórias, pra tentar qualquer coisa fora do meu alcance. o martelo do tempo bateu forte no chão, criando vários caminhos, várias vertentes: veias que levam a destinos distantes, diferentes. já passou o ponto em que todos nós somos cortados, desembarcando em estações subterrâneas totalmente separadas. as interligações intensas que traçamos parecem ter ficado todas pra trás. o que vejo de novo, quando vejo vocês novamente, parece ser somente ilusão. devo ter criado elas enquanto dormi encostado na janela que balançava calma. meus pés não se moverão nunca daqui por vontade própria, e é estúpido esperar alguém chegar pra me carregar. cheguei aqui cônscio do que fazia, e quando entrei, preso, perdi todos os sentidos enquanto mergulhava na inconsciência. me usei todo e acabei todo machucado e incapaz, depois de travar uma batalha que eu me julgava capaz de vencer.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

because if it goes, you never get it back

"você acaba virando um peso morto pro mundo, de qualquer maneira. pelo menos foi o que se deu comigo. não consegui conter os olhos, ardiam demais. quem sabe eu tenha cansado. sinto que poderia ficar aqui, por dias, sem levantar da cama. não faria diferença nenhuma. o sol cortaria as pequenas aberturas da janela e a noite sumiria, seria simples assim. não seria nada comparado ao caos dentro de mim quando escorreguei pela parede da loja pela manhã. a mais completa paz em mim é simples e puramente impossível. repeti a mesma frase pelo caminho todo, mas nada me parou mais."

domingo, 24 de outubro de 2010

still

não há cortinas mas tudo isso precisa ser apagado. as luzes, a porta, as palavras. todas devem ser imersas na mais completa escuridão, porque assim é mais fácil de perdê-las, mais difícil de lembrar, tornam-se facilmente esquecidas. todos os fogos retornarão, colocando o sol pra se pôr de uma vez por todas em toda essa confusão. a areia engoliria tudo devagar, dançando com o vento, e eu caindo solitário pra trás, nos braços de ninguém.

everything is your choice

não espere nada de mim, já parti. tarde demais. já estou muito longe. fico tentando recolorir o que uma vez pintei de cinza. porém sinto a voz fria e a face escapando pelos vidros da janela suada, onde o vento balança forte demais. no escuro, tudo isso a princípio parece assustador demais. o canto frio, iluminado, não surte mais efeito nenhum. nada entra aqui, nada entra em mim mais.. um dia, talvez, você volte a superfície da mesma forma que eu voltei.

sábado, 23 de outubro de 2010

these things take time

a cadeira arrasta devagar porque os pés impulsionam a mesa pra frente. olho pra trás sem hesitar pra ver do que se trata a mudança de cenário. vejo o que vejo, e abaixo a cabeça. mais tarde, a lua vinha do lado esquerdo. cruzei as pernas e sentei no chão, pra chegar mais perto. a nuvem corria rápido demais. me pergunto o que levam todos os dias, o que trazem, o que mudam. corro perdido em círculos, sozinho. mas sinto que não completamente. se eu fecho os olhos consigo imaginar o que minha mente viu e o que os olhos deixaram passar. os pés descalços, o vento frio, os braços abertos. eu, e mais ninguém. seria mentira minha dizer que as coisas continuam as mesmas, e que o passado não tem um gosto amargo de saudade. mesmo assim, me entrego completo ao agora, sem nenhum medo de tentar ser feliz.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

suffocate

inicialmente cai estranha demais, mas antes de eu conseguir retomar tudo o que pensei no dia tudo, já me vejo imerso na mais completa inconsciência, na inconseqüência. sinto as veias agitadas, os pulsos colocados pra frente. as ondas, frenéticas, me jogam de um lado para o outro, tirando de mim todo o controle. é impossível subir a escada, porque sinto flutuando. exausto, encosto na parede e escorrego. sento no chão. as luzes vão e vem penetrando pelos olhos, sendo todas absorvidas sem querer.

glowing

nada resta em mim. aliás, resta pouco. insistem em ameaçar a existência do que me resta, mas o que será de mim depois? penso nos olhos se afastando devagar, não deixando mais nada pra trás. nada nunca mais será igual se partirem. não sei mais o que sou. alguma coisa me faz odiar tudo. continuam me dizendo que tudo está bem e eu paro no tempo, me perco no espaço. coisas que não se movem pra mim giram, a visão embaça e eu desisto de tentar ver. desisto de tentar lembrar, desisto de procurar, desisto. o que me alimenta agora é arriscado, arisco e raro demais.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

the sun was high (so was I)

as ondas quebram na minha mente devagar na mais completa serenidade. como eu disse pra eu mesmo ontem a noite, agora o ritmo que embala a minha vida paralisa as coisas fazendo tudo ir devagar, porque assim acaba doendo menos ou porque talvez eu perca a paciência de aguentar a dor até o fim. vivo inóspito de sentimentos, resetado. os olhos pesados fecham-se pela metade numa rua onde o sol queima forte a pele, os carros passam repetidos, voltam e vem, exatamente os mesmos. ficou fácil ser assim, fácil demais.

domingo, 17 de outubro de 2010

but if you want to leave, that's ok

colore como um efeito de um spray de fumaça, o céu todo, de manha. vai ficando violeta, rosa de ponta a ponta, as luzes no cais ficam acesas até de manhã. nada é pra sempre e esse sou eu, são coisas das quais eu tenho certeza que não mudam. cessam naturalmente, como o cheiro da grama de manhã que não dura o dia inteiro. sei bem onde tudo isso vai acabar nos levando, já que nada acaba bem. tento desatar os nós da infelicidade que acabam prendendo tudo isso, mas é simplesmente impossível evitar o desgosto de falhar. penetra a veia devagar e me mantém inapto por diversos dias, acaba acontecendo. mas pra que parar de viver justo agora? nada acaba justificando as partidas, mas isso não faz delas nem um pouco menos aceitáveis, pelo menos como destino.

sábado, 16 de outubro de 2010

drive me anywhere.

agora que os segredos foram devidamente desvendados, quero me entregar a braços em que nunca caí antes, pelo menos por ora. ver coisas diferentes, realmente me impressionar. deixar pra trás o que se pôs, recomeçar direito. acompanhar a maré nunca foi grande problema pra mim, ainda mais acompanhar a sua.. não parece ter problema algum. é bom abrir os olhos e ver que você sempre permanece ao meu lado esquerdo. queria poder descobrir o que nos colocou lado a lado de repente de um jeito tão místico, todos vocês. deixo levar porque confio, amo e admiro todos que me levam. e eu dou risada, porque olhando dessa maneira, as coisas não poderiam estar melhores. agora, meu mundo se resume em ter achado vocês.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

I leave next weekend. I'm not ready to go.

parecem não conseguir ver que tudo estava ótimo do jeito que estava. conseguiram fechar quando eu pensava que não havia mais o que tirar de mim. pararam de aguentar, e eu sempre soube que isso ia acontecer. essa recaída não para nunca, e onde estão meus abraços quando preciso deles? pedi pra você falar que me amava, você não disse. pedi pra outro ser um pouco mais gentil, acabou que não conseguiu. quando você fica frágil e ninguém percebe, é aí que tudo te dilacera sem hesitar. não consigo mais levantar os olhos da cama, os músculos parecem pesados, a cabeça nunca mais parou de doer. voltei a me fechar no banheiro, voltei a pensar em me estragar, voltei as consultas, às pílulas, que por sua vez parecem não fazer mais efeito quando a outra parte do que me faz feliz insiste em se perder. queria que tivesse um manual me dizendo como agir agora, passo por passo. mas no fundo, o problema é exclusivamente meu. não me resta nada, apenas restos. os antigos cacos voltaram a ser criados batendo contra o chão violentamente. nada mais me parece de verdade, e esse é o caminho que eu tinha medo de me perder de novo. acabou acontecendo, e eu não tenho forças pra entender mais.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

do you want your keys?

ouvi você no radio de manhã, e quando coloquei a orelha na parede pra tentar ouvir do outro lado. alguma coisa brilhava por debaixo da porta, me amedrontando de abri-la. sinto que eu poderia ficar longe de tudo pra sempre porque falhei, e é um pouco tarde demais pra reparar. talvez o cheiro nunca saia do meu quarto, talvez vocês escolham ir embora. todas as minhas plantas morreram, envoltas na atmosfera exclusiva que tenho que viver. eu tenho que ir embora pra onde me entendam todos os dias, o dia todo. vai chegar uma hora que eu vou desistir de esperar alguém chegar, e vou escolher ir embora. espero não ver ninguém enquanto parto num carro incerto, não só assim. me abraça só mais uma vez, antes de tudo mudar, antes de eu virar um peso morto pro mundo. já sinto a garganta apertar devagar, ao ver você virar de costas e ter que partir.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

silently, I wish to sail into your port

a veia atravessada parece por vezes aberta quando eu estico totalmente os braços. crava uma faca na dor profunda, meus olhos se contraem. queria ter podido ver o ônibus partir, exatamente como eu faria alguns anos atrás. alguma coisa me faz odiar tudo, com raras exceções. as ondas parecem calmas e convidativas na insanidade que ameaça minha mente. atrelo meus dedos a novas mãos, tive que acabar soltando outras. não sei se foram salvas, não vejo os olhos ou ouço as vozes quando tento lembrar. os vejo nos meus sonhos por vezes, mas minha memória os apaga antes que eu acorde e consiga me lembrar das cenas que deixei pra trás. encontro novos abrigos escondidos por trás de uma colina quase que inexplorada, pois poluiram o asfalto da pista de caminhada. devo minha vida àqueles que ousaram me resgatar e me manter em conserva até terem absoluta certeza de que o que vai além da minha janela jamais encontre a sua.

domingo, 10 de outubro de 2010

don't you wish you could go back to when you hadn't lost anything?

de uma hora pra outra um furacão arrastou tudo de mim. não sei ao certo o porque, mas fico me torturando na tentativa falha de descobrir porque viver era tão fácil e agora ficou tão difícil. seus olhares de desprezo e pena acabam sugando todo o resto de mim. essa indecisão me mata sem que ninguém consiga perceber, meu braço doeu a noite toda, ninguém me ouviu. mas vejo que acabo não me arrependendo, pois tudo o que fiz em todo esse tempo me trouxe você. e mesmo que as portas se fechem de vez em quando, eu sempre vou estar sentado atrás dela, olhando a maçaneta, esperando você voltar.

I go where the trees go

amo quando seus olhos levantam misteriosos e você por alguns segundos consegue superar sua obsessão de olhar pra baixo, encontrando meu olhar. ou quando você desvia quando tá brava ou não sabe mais o que dizer. enfiam uma estaca no meu peito quando você chora sem querer. você anda como voa. acaba fazendo o sol raiar na minha constante escuridão com suas palavras tão perfeitas que por vezes parecem ensaiadas. gosto de jogar seu cabelo pra trás de manhã na minha cama, dormir seguro nos seus braços. você me faz estranhamente forte, sendo indiscutivelmente minha. os ventos são você, os sorrisos são você, tudo acaba tendo uma pitada de você. te amo como nunca amei ninguém babsi, posso afirmar isso com toda certeza do mundo. o céu girando devagar só faz completo sentido quando eu tenho certeza de que ele vai te trazer pra mim em algum ponto do dia. a verdade é que você é grande parte de mim, e talvez eu não seja nada mais nesse mundo sem você.

sábado, 9 de outubro de 2010

violent dreams

o ritmo das coisas diminui devagar. pesado, caio contra a parede. as batidas piscam se revezando num ritmo motivador, e voam devagar com os segundos. tudo que eu precisava agora, mas não tudo que eu queria. o ar gelado da rodovia rodopia devagar, a casa transpira, o sangue corre estranhamente, as cobertas alinham-se, fecham devagar os olhos. eu andava pela rua gelada demais em busca de expectativas e falhei, mais uma vez. as nuvens saem da minha boca juntando-se ao que passa na visão, zonza. aonde está a mão que repousou na minha na prévia ilusão que tive? longe demais, mesmo que perto. o terremoto de sensações abre um buraco no meio da mente, onde eu mergulho gritando por alguém, devagar.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

you are my heart

grito pro nada, de dor, pra tirar a fumaça que domina os dedos devagar. acaba te tirando de mim sem querer. olho a paisagem com olhos perdidos, decido cair pra trás. tenho que viver comigo mesmo e meus suprimentos adicionais. aonde será que você está agora? te acho na bagunça dentro de mim, mas onde estão os toques e as palavras reais? aonde está minha base se você vai embora sem explicar? já vi tudo isso antes, vou fingir que não estou vendo outra vez.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

don't know what's right and what's real anymore

repitindo pra mim mesmo que está tudo bem, os pés contrastam com o azulejo do parapeito. as vozes vêem fácil e de graça, e no meio delas procuro o que você diria pra mim. simplesmente não consigo. parece que você nunca esteve aqui. seu rosto começa a embaçar nas minhas memórias, e eu não consigo ir mais longe que isso, pra qualquer lugar. se ao menos você abrisse a porta e me tirasse do chão gelado, talvez assim, eu teria mais uma chance de sobreviver.

i will be here, don't you cry

tudo parece acabado, e nada como olhar pra trás e olhar o que sempre te inspirou, o que te faz continuar, se perguntar se vale a pena e o que te faz melhor ainda. sinto que estou me perdendo dentro de luzes, sons e em paisagens inexistentes, por pensar que um dia tudo melhoraria e que tudo acabaria bem. e por isso já não sei mais como fazer do ruim melhor, não tenho mais palavras, estou sem argumentos para te fazer mergulhar comigo nesse profundo caminho da vida. decepção e medo seriam as duas palavras que corresponderiam ao que sinto agora, me escondo em baixo de minhas cobertas e tento me abraçar. não consigo mais, pois sinto que parte de mim já não volta tão cedo, e que mesmo que devagar estou cedendo um outro pedaço de mim.
a única coisa que te peço que é que não me deixe impotente, te deixando ir e não poder fazer nada. porque eu já não sei mais viver sem ter você, e quanto mais eu tento não imaginar do pior, mais eu penso.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

well I wonder

meio vivo, meio morto, vivo ofegando. as partes de mim corroídas correm assustadas por não conseguirem viver comigo. a única coisa que eu posso fazer agora é me culpar, porque querendo ou não essa é a mais pura verdade. não conseguir desistir talvez seja o meu pior erro, talvez seja o motivo do sangue escorrer da maneira que corre. peço que se lembrem de mim mesmo que já estejam longe demais. eu entendo, sofro, mas entendo. queria voltar, mas é um pouco tarde demais. essa é a estância final do meu ser, foi completamente inevitável. choro suspirando no banheiro trancado a noite, mas não espero um segundo mais. me diga primeiro quem vai conseguir me aguentar assim, me digam com quem eu posso contar, dar as mãos. você me ouve quando dorme da maneira que eu te ouço, consegue me notar quando passo? lembrem-se de mim, é tudo que tenho direito a pedir.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

nothing feels like home, like you baby

tá frio aqui dentro. rompi a barreira entre lá fora e aqui dentro quando abri a janela. molhei minhas meias quando coloquei os pés dentro do tanque pra sentar no parapeito. minha garganta dói. culpa sua, admito. mas não me faz mal, pelo contrário. sentir você aqui acaba me enchendo de remorso por deixar você sozinho. talvez se eu tentar, só talvez..

domingo, 3 de outubro de 2010

you're killing me

não sou o suficiente. não aguento mais nossas atmosferas se chocando numa troca de choques intermináveis onde eu saio cheio de escoriações. fui fundo demais, acabei te levando comigo. cansei, parece impossível te trazer pra superfície, te salvar primeiro e tentar me salvar depois. não sei de mais nada que acontece comigo, não quero compreender nenhuma dessas tentativas de explicação. quero fechar os olhos e quando abrir ver que tudo isso tenha passado juntamente com você. porque acabou sendo tarde demais pra você aprender que as coisas nunca foram em nenhum aspecto da maneira que você imaginava. tarde demais.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

take me in your arms tonight

as chamas estralam devagar abrindo um caminho vermelho por entre o escuro. não consigo me lembrar se você disse que ia voltar. as cores são novas. reinventam-se. você ri, e eu perco o senso. caio pra trás, tudo começa a se mover devagar. o vento faz as cortinas oscilarem, sua mão deita na minha. mergulho inseguro na inconsciência, os olhos fecham, bocejo duas vezes. não vejo mais nada, mas sinto seus braços passarem nas minhas costas, me trazendo pra perto, não me deixando só. talvez tenha sido só um sonho, a casa parecia antiga demais. as coisas acabam ficando mais fáceis quando você tem braços que te envolvem te impedindo de cair, de se machucar. acordo dando um soco no ar, e repito o movimento quase que inconscientemente por mais duas vezes. volto ao meu sono exausto, exasperado. sem me dar conta de que os braços que me envolviam e a voz que embalou o meu sono não estavam mais ali.

take it away

as memórias de volta. a campainha tocou por tempo demais. talvez todos estivessem dormindo, como de costume. era tarde demais, a rua vazia. me coloquei de frente, mas hesitei. virei as costas sem pensar e saí correndo pra qualquer lugar longe da fogueira. me vi na entrada de outro lugar. as escadas infinitamente cinzas faziam eco enquanto eu esperava a luz apagar. queria saber o porque de tudo isso. porque continua me machucando, mesmo que essa não seja a intenção. confusas demais, as paisagens se fundem na profunda angústia onde me forcei a esquecer todas as palavras. exausto, desisto. volto pro meu universo roxo, facilmente penetrável. quando chega, se espalha como as cinzas se espalham, tomando tudo. o olhar fácil me lembra do tempo em que eu era são. em que os problemas pareciam mais fáceis, quando as coisas machucavam menos. eu não corro mais atrás disso, mas as memórias voltam incorporadas, alojadas, acopladas, expostas. me dilaceram, e acho que você não consegue ver que o problema é justamente eu, e você não vai conseguir me curar nunca tentando estancar e cortando mais e mais.