terça-feira, 13 de abril de 2010

escureceu

a sacada parece tão vazia. de longe a vejo, torta. incompleta. as luzes da sala acendem, mas as pessoas são erradas. se eu tivesse parado no tempo e pulado tudo isso, ter ido direto a esse momento - se eu pulasse toda a história e visse o fim - esse fim, eu estaria completamente imerso na sarjeta, desmoronaria de pedaços em pedaços. mas alguma coisa no meio do caminho fez o resultado final aceitável. não sei bem o que sou.
sento de costas para a lua, e desisto, mesmo que ainda imóvel. mesmo que meus olhos ainda estejam parados apontando pra direção de que eu tento me desligar. desisto, internamente.
vejo o céu passar do mais escuro, indo do mais claro até as pontas, tomado pelo amarelo, que se mistura ao azul claro. vejo o dia nascer. vejo tudo voltar.
tenho que me levantar e ir embora, e não poderia haver hora mais oportuna. porque como a noite acaba, algumas coisas também mudam ou simplesmente deixam de existir - por mais que sua ausência machuque, cabe a nós encarar que tudo no mundo está em constante mudança. que nada para, que tudo aos poucos se corróe e dá lugar a uma nova cena. por mais que doa a mudança de página, não há dor capaz de me fazer esquecer a página anterior.

Nenhum comentário:

Postar um comentário