a manhã desceu ao céu e assumiu todas as formas que eu me esqueci de prever. e nem que eu seja taxado de pessimista, não posso deixar de assumir que as expectativas de que as coisas darão errado são muito mais fiéis a realidade. nosso mundo está corrompido de overdoses químicas guardadas na gaveta, carros que partem rápido demais, vozes que nunca silenciam e a mente grita, e a gente grita, vidros quebram - no nosso mundo existem pupilas que dilatam por sete horas e mãos que fraquejam ao escrever. os covardes não nos deixam sequer um caco. nossos quartos cheiram a gasolina, e a única coisa que os mantêm fora de qualquer possibilidade de flamejar é que, sendo incontestavelmente diferentes do resto, criamos aparatos sem querer. premeiem-me com cicatrizes ao falhar dos fósforos. eu sou o antibiótico que seleciona tudo o que tarda a morrer em mim. são estes, e somente estes sentimentos que valem a pena de se manter. são estes sentimentos que me acordam pela manhã e anestesiam toda a indignidade de viver.
quinta-feira, 11 de outubro de 2012
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