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chove. chove demais, excede demais. desgasta demais, enferruja o portão malcuidado, deforma o papel que temi escrever. fazem janelas fecharem, pessoas correrem. limpa, da mesma forma que suja, borra, desmancha. me lembra como eu existo, cometo erros, fumo, amo demais, me arrependo - sorrio mentiras de qualquer maneira. talvez a água caindo do céu acabe me lembrando mais. que por mais que eu me sinta invencível, sou tão vulnerável como qualquer um. me lembra que eu me odeio. odeio meu rosto, meus ossos, minhas mãos, minha voz. que eu odeio árvores que são retorcidas demais, do que cai sem porque. que eu amo pessoas e suas mudanças, o bagageiro de caminhonetes, a frigideira fritando devagar, as janelas abertas, a sombra da cortina, palavras sem sentido, frases fáceis, falta de sorrisos e sorrisos que vêem fáceis demais. que eu amo comida mas odeio comer. em linhas gerais, me lembra de quem eu acho que sou, e que eu não sei de nada mais.
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