com as portas fechadas, o cômodo ficou escuro. tremia demais pra poder ficar em pé, por isso deitei no chão frio. cobri meus olhos com meus braços e não queria mais nada. alguma coisa acabou dentro de mim, sem mais, nem menos. arrastei os minutos devagar, e os olhos pelo feixe de luz procurando o que perdi. não achei nada. as essências dentro de mim estão se esvaziando de novo. era o que eu temia. não posso parar o vazamento de novo. não consigo. poderia ter ficado ali a vida toda, poucas pessoas teriam notado. talvez abrissem a porta um ou dois dias depois, me procurando em soluços. parece horrível lembrar de que eu não conseguia levantar, as pernas fracas tremiam demais. fiquei imerso ali, o quanto pude. me arrastei devagar até a luz. consegui voltar, depois de um tempo. sentir na veia as memórias rasgando devagar, enquanto eu me colocava de volta em meu lugar, me obrigando a ver as coisas dum jeito que nem sempre são.
quinta-feira, 30 de setembro de 2010
we've all gone to sleep
faltam partes. partes que desconheço. acho todas em você, integrando nossos seres. o magnetismo é incompreensível. apenas nos une, intactos, exatos. a noite fica quieta quando sinto seus suspiros, rápidos, profundos. perfuram meu peito pra amenizar a dor no seu, suponho. isso me faz bem, saber que tiro de você o que não se aguenta mais. é o seu nome que chamo quando as coisas saem do lugar aqui também. nos compensamos por sermos infinitamente iguais. não há nada que possa medir o que acontece entre nós. fomos destinados a sermos assim, mesmo tendo descoberto tanto tempo depois. somos a mesma alma. amo sentir as gotas, os toques, as forças, os olhos abrindo devagar. nada se explica em nossas vidas, nada justifica o bem que você me faz ou o amor que sinto por você. as veias saltam devagar, o olhar segue a linha contínua, inquebrável e mística que liga você a mim, eu a você.
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
can you see the waves?
sábado, 25 de setembro de 2010
we gotta try
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
it's never going to be the same again, isn't it?
não pude ouvir o que queriam me contar hoje a noite. meus ouvidos fecharam rápido demais. os olhos caíam pesados, as pernas balançavam, contra o vento da madrugada. sussurrei pra mim mesmo que as coisas deviam ser como elas são. tudo tem prazo de validade. não dá pra adiantar ou adiar o que está marcado. encostei na churrasqueira, sentado no parapeito e fechei os olhos. me dei o direito de imaginar como seriam as coisas se nada disso estivesse acontecendo. se eu não precisasse esquecer, pra não doer mais. as luzes da vizinha já tinham apagado quando voltei. olhei pra baixo e o chão parecia impossível. distante demais. poderia ter ficado ali contando as cores do céu a noite toda. lembrei de que nada volta mais. as memórias parecem distantes, épicas, históricas.. pintadas com todos os tipos de sentimentos. vão se perdendo no caminho da minha memória falha e desaguam numa realidade inesperada: o presente. aqui, e agora.
don't leave me, don't ever leave me
me sinto enferrujado em frente a tudo isso. incapaz, fraco. fraco de não conseguir te manter aqui, perto de mim, podendo assegurar se você está bem. foi assim que você se sentiu? passam todas as memórias na minha cabeça. todas as suas caras, todas as suas confissões, todos os seus toques com a mão gelada. tenho medo de perder de vista seus olhares, de ver você envolta na neblina que eu conheço bem e não poder fazer nada. faz frio no cais, hoje. faz frio em mim. faz frio em tudo sem você aqui. a lua parece embaçada demais. as casas afundam devagar, viram simples borrões na mais completa escuridão. incerto, caminho pela linha torta da minha insanidade, esperando chegar aonde você está e te arrastar de volta pra superfície, como você fez comigo, uma vez.
segunda-feira, 20 de setembro de 2010
we're happy. we're happy, right?
went as far as I could
perdi as chaves de casa. não lembro mais como entrar. não lembro mais da esquina larga demais, não lembro mais do prédio que nunca vi, não lembro da casa com o quintal enorme. lembro da calçada, lembro do cais, lembro do asilo. não lembro das palavras ou dos toques. me forcei a apagar de mim o quanto pude, pra machucar menos, pra conseguir fixar os olhos de uma vez por todas. não me deram chance. tudo que olhava parecia distante. dei o que restou pro vento, corri pelo sereno pra nunca mais voltarem. as lembranças batem na porta do meu quarto, mas quando eu abro, já foram embora. parecem embaçadas na memória, parecem mera imaginação. eu gritei, e ninguém ouviu. chamei o nome de todos, longe demais. as costas encostaram no piso enquanto me escondia embaixo do colchão, senti queimarem. senti a ponta dos dedos derreterem numa tentativa desesperada de me conter, de me forçar a olhar pra dentro e lembrar dos que fazem parte de mim. o elevador acabou parando cedo demais.
sábado, 18 de setembro de 2010
loud and clear
correram assustados alguns daqueles que eu esperava que ficassem. não sabem o que acontece, mas pelo pouco que conseguem ver tampam os olhos daqueles que estão do seu lado e viram de costas lamentando. fecho os olhos e tento me lembrar das paredes coloridas que só me disseram que eram incomuns tempos depois, um pouco tarde demais. já tinha me acostumado. na minha imaginação, a casa descasca velha e revela que quase tudo passou. deixou marcas. abro os olhos e caminho pelos bancos estranhos do cais. faz frio e tudo parece ter mudado. mas não importa, prezo pelo que ficou.
sexta-feira, 17 de setembro de 2010
take your meds, wear your shield
but oh wow
quinta-feira, 16 de setembro de 2010
terça-feira, 14 de setembro de 2010
V-2 Schneider
eu abro os olhos e a casa é errada, por alguns segundos. fico olhando pro teto, tentando me adaptar ao meio. e então, as coisas passam sem mais nem menos, me remetendo de que aqui é o único lugar que eu deveria estar agora. um pouco longe do passado, um pouco longe de tudo antes de explodir.
sexta-feira, 10 de setembro de 2010
terça-feira, 7 de setembro de 2010
you don't understand
domingo, 5 de setembro de 2010
I'm throwing myself to the wind
sábado, 4 de setembro de 2010
quarta-feira, 1 de setembro de 2010
possibly maybe
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