domingo, 10 de março de 2013

crash

tenho alinhado meus dias em órbitas que giram em tornos de pequenas conclusões. a realidade não marca hora e nem dia pra me encontrar. seus gatilhos foram puxados nos momentos mais inoportunos, alternando entre conversas desconfortáveis na cozinha e em longas caminhadas em direção ao terminal rodoviário. a chuva voltara a me queimar depois de tanto tempo desde a última vez. as situações voltaram a se desviar das minhas previsões. eu já posso sentir a dor dos hematomas quando a noite cai, justamente como da última vez. a sacada voltou a ser minha morada e minha válvula de escape. já não suporto festas, reuniões, salas de estar. não consigo mais sustentar imagens ou seguir projeções. as cenas que eu costumava montar na minha cabeça perderam a cor e vão noite após noite perdendo a nitidez. estou levando socos muito mais fortes do que eu costumava suportar. desvio o olhar rápido demais da caixa em que guardo meus antigos remédios. eu não quero voltar a dopar minhas percepções e a amenizar covardemente minha suposta invulnerabilidade ao ter que baixar a guarda. eu quero voltar a guerrilhar pelo que é meu, usando nada além do que sou. mas algo me diz que já é tarde demais pra voltar para o campo de batalha. tracei uma linha que implicou na criação de uma distância metafísica entre o que sou e como estou. já posso sentir o cheiro dos meus mecanismos sendo queimados há quilômetros de distância de onde estou. já me sinto nulo mais uma vez. já não sei quem sou, uma vez mais.

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