estou preso na metade de dois dias, esperando no mesmo lugar em que me despedi. transformei as cenas seguintes em fiapos e enquanto a janela do carro me parecia escura demais pude perceber que a minha visão foi ficando turva, tentando inutilmente regressar algumas horas. é como se minha mente estivesse estado pronta pra este momento o tempo todo, mas alguma razão a desligou de seu indiscutível propósito e eu tive que te deixar ir. tive que despregar sua ausência dos cômodos e controlar a impaciência de não poder ouvir a sua voz. e te vi em pequenos delírios: saindo por portas de prédios escuros, sentado ao meu lado na varanda vendo a neblina que, por ser tão corriqueira, tornou-se parte de quem nós costumávamos ser. desde o minuto em que você saiu daquele carro todas as coisas simplesmente se tornaram obsoletas por um período de tempo assustadoramente longo, deixando o rastro da certeza de que eu estava redondamente enganado quando tentei me convencer de que a dor da falta era apenas uma questão de costume. talvez o seu regresso possa cessar essa estranha agonia, mas agora as coisas não se resolvem mais no simples ato de voltar. traga consigo o nosso passado em sua mala e me entregue enrolado numa fita azul todos os momentos que não pudemos ter. e eu estarei aqui, estagnado nas horas, minutos e segundos que te levaram de mim.
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