terça-feira, 31 de julho de 2012

bursting into flames

as olheiras no espelho não sumiram. encharquei-as de ódio e os segundos que anteciparam a minha primeira tentativa de sonhar as avermelhou em tons assustadoramente teus. daí em diante passaram por um espectro de cores opacas, contrastando com as marcas rosadas nas primeiras dobras de todos os dedos das minhas mãos. a mente resgatou os disfarces, traduzidos em pequenas palavras, tão leves quanto breves, ditas em um momento oportuno ao pé do ouvido. a partir daí, o sentido das coisas se envolveu em auroras misteriosas, que findaram cortantes assim que a magia espaireceu. as frases mansas só serviram pra me lembrar da fragilidade com que as coisas se fixam em mim - e da maneira com que você sequer hesita em arranca-las, em movimentos bruscos e rápidos, deixando um mar de feridas que passam do antebraço até a parte posterior dos meus ombros. despedacei a cor escura da parede ao lembrar que cheguei a acreditar que nada seria assim. não sei como cheguei aqui, e divido a culpa entre nós sem pensar duas vezes: sou culpado por me entregar demais, exatamente na mesma quantidade em que você insiste em pensar que nada realmente importaria.

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