eu te amei por tempo demais. te amei na relva do cais, enquanto a chuva molhava nossos ombros, te amei em corredores lotados quando tentei te tirar de mim. nós gostamos por tanto tempo dos mesmos elevadores silenciosos, precedidos por varandas reflexivas. você me deixava errar e eu te dava o mesmo direito. deslizamos para rotas distintas nas estradas que insistimos tornar escorregadias demais, e todas as vezes em que você volta, minha mão se desprende de alguma forma inevitável da sua, e eu deixo partir, desprendo o último dedo, a última história. tento me lembrar das últimas palavras, mas mal consigo montar a cena. minha mente deteriora em decepção segundos depois, e vai queimando as bordas de onde a gente começou. falamos línguas diferentes, longe um do outro, até alguém resolver voltar. e eu já desisti de todas as outras opções. eu espero, e espero, espero mais. mas sem esperança alguma. talvez o acaso nos reúna novamente, enquanto você estiver vagando pela rua, debaixo de um céu que anuncia a chuva. entrego todas as minhas cartas ao destino. e não peço a ele nada mais.
sexta-feira, 26 de julho de 2013
segunda-feira, 22 de julho de 2013
temporary touch
seus olhos vagam os corredores verdes da maneira mais singela possível, você os fecha, traga teu cigarro, e olha pra mim, gargalhando. eu sempre tive uma certa facilidade em me perder em oceanos que são azuis demais, e quando eu te vi, eu sabia que era ali onde eu devia estar. dividindo sofás, cortando o vento que nos rasga pelo portão. nós nos tornamos versões mais leves de nós mesmos, e o que eu sinto ou deixo de sentir não faz diferença alguma. paira no ar e se perde fácil por entre as nuvens, deixando as pontas dos meus dedos congeladas, um leve suspiro, e nada mais.
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quarta-feira, 17 de julho de 2013
rhinestones
são engraçadas as reviravoltas da vida que se revelam a cada passo que dou. elas se apresentam, ridículas, e se desenrolam sem fundamento algum. eu começo a rir de tudo, e o mundo começa a me parecer patético. as coisas passam a se configurarem como inúteis - desde as duas bolsas de dramin até o sorriso amarelo que tenta me cativar com pequenas mentiras todas as manhãs. eu não nasci pra ser idiota. as coisas não me descem simplesmente por serem o que são, por irem e virem, por serem dez e não vinte. por trás de tudo há uma mínima explicação. perdi a conta de quantas vezes tive que esbarrar com o cinismo e a ignorância ao tentar esboçar o princípio das coisas nesses últimos dois dias. quanto mais conheço as pessoas, mais cresce em mim a vontade de ficar no meu quarto. mas já que não me resta essa opção, me sobra apenas o jogo que faço: saio rindo, de manhã até a noite, pra me pacificar e me proteger de tudo o que tenta me derrubar. a risada acaba servindo também, como a expressão máxima da pena em que sinto pelas pessoas que tentam ditar as regras da vida da mesma forma em que elas mesmas se apresentam: sem sentido, desprezíveis e totalmente lesas.
quinta-feira, 11 de julho de 2013
win
eu alterno, como sempre fiz. mas dessa vez, pretendo chegar em algum lugar comum. me sinto um completo otário quando meus esforços não me trazem o que eu quero. reino a noite, quando o vento frio agita o pano dos meus shorts enquanto mato aula pra dar risada. me sinto em casa quando compartilho um sofá com dois grandes amigos, e me pacifico, limpando todo o caos antes de desligar pela manhã, quando finjo que não sou eu que atendendo o telefone. eu tive tempo de decidir tudo o que eu não quero ser. não quero ser mais nenhuma espécie de destruidor, de intelectual incorrigível. não quero ser neurótico e tampouco quero ser uma máquina auto-destrutiva. estou abrindo mão do castelo de areia que construí pra me encontrar em qualquer esquina, olhando para o alto e sabendo exatamente o que fiz, o que farei, e para onde vou. todos nós temos sonhos. talvez o meu seja me firmar em mim mesmo, atando nós com a mais absoluta certeza de que estou me tornando quem sou.
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