as olheiras no espelho não sumiram. encharquei-as de ódio e os segundos que anteciparam a minha primeira tentativa de sonhar as avermelhou em tons assustadoramente teus. daí em diante passaram por um espectro de cores opacas, contrastando com as marcas rosadas nas primeiras dobras de todos os dedos das minhas mãos. a mente resgatou os disfarces, traduzidos em pequenas palavras, tão leves quanto breves, ditas em um momento oportuno ao pé do ouvido. a partir daí, o sentido das coisas se envolveu em auroras misteriosas, que findaram cortantes assim que a magia espaireceu. as frases mansas só serviram pra me lembrar da fragilidade com que as coisas se fixam em mim - e da maneira com que você sequer hesita em arranca-las, em movimentos bruscos e rápidos, deixando um mar de feridas que passam do antebraço até a parte posterior dos meus ombros. despedacei a cor escura da parede ao lembrar que cheguei a acreditar que nada seria assim. não sei como cheguei aqui, e divido a culpa entre nós sem pensar duas vezes: sou culpado por me entregar demais, exatamente na mesma quantidade em que você insiste em pensar que nada realmente importaria.
terça-feira, 31 de julho de 2012
terça-feira, 24 de julho de 2012
"fences"
subtraí meus problemas ao fechar da noite e ao findar das horas, porque algumas coisas fazem todo o resto da podridão compensar. algumas vozes, alguns gestos - tudo o que te fere parece um oceano vazio quando existe uma direção agradável pra qual sua vida aponte, e por alguns segundos eu pude afirmar que talvez sempre tenha sido você. me quebre em um milhão de peças, se necessário. só me faça sentir que todo o que foi anterior valeu a pena. eu queria poder dizer que te amo.. e apesar de tudo chegar muito perto disso.. eu ainda não sei. suplico que me faça saber.
sábado, 21 de julho de 2012
s
ao voltar pra casa, a minha mente embaçou quando tentei rever memórias ruins. talvez o tempo as deteriora, e vou perdendo-as sem fazer esforço algum. talvez elas simplesmente percam todo o seu impacto e viram nulas nas lembranças. talvez seus brilhos ofuscados, quando acumulados, sejam o gatilho de todas essas terríveis impressões que mal consigo explicar. agora já é tarde demais - não consigo as desenterrar de tão fundo. sinto como se eu plantasse bombas em mim, mesmo quando faço uso das melhores intenções. nunca nada funciona normal. e é pura perda de tempo esperar algo que me gire do lado contrário. dou as mãos as minhas memórias destruídas, afinal, eu pareço ter virado um peso morto também.
quarta-feira, 18 de julho de 2012
oh, the lies
perdi qualquer direito que eu tinha de silenciar, mas esqueci de revogar o seu também. não é que dói, mas o fato de não termos absolutamente nada em comum por vezes age rasteiro, escapando da confortável morada em que nós dois concordamos em o deixar. no entanto, me orgulho por ter conseguido permanecer inteiro à sua inconstância, mais por prudência do que por orgulho. e se seu objetivo for me lembrar de que odeio o mundo que você pertence, te digo sem nenhum escrúpulo de que você talvez tenha conseguido isso da forma mais baixa. me perdoe pelas divagações, elas vêm tomando formas inevitáveis desde que você voltou e sequer se deu o trabalho de se importar por quem ficou aqui te esperando esse tempo todo.
terça-feira, 17 de julho de 2012
ocean
de fato o que eu mais odeio na dualidade, mesmo que ela seja mero produto dos pontos de vista, é o fato dela implicar aspectos totalmente contrários em algo simples - meu dia foi tão bom quanto ruim. e ao me abrir as avaliações, as possibilidades me trazem o que eu mais temo: incertezas. engraçado como andar pelo caminho contrário do que você evita por vezes faz você desejar que pudesse voltar atrás. e a única coisa que me faz esquecer o caos é, doentemente, a acumulação de todas as outras coisas, de todos os outros gostos, são os tiros desesperados e as casas pegando fogo. é poder assistir janelas quebrarem de longe e sair correndo pra cair no próximo erro, achar maneiras de escapar de porões escuros, pra sangrar a relva, estancar e sangrar de novo, e rir de mãos dadas com a dor, do lado de alguém que chega a acreditar que você sempre estará ali, mesmo que você não tenha dito uma palavra a respeito. me chamem de inconstante, me chamem de covarde. felizmente, tenho minhas incertezas quanto a isso também.
domingo, 15 de julho de 2012
cut dead
ás vezes me apavoro antes de hesitar, e as palavras saem todas erradas, como de costume. ando lento e as horas seguintes chegam me atropelando. seria babaca da minha parte fingir que algo não me invade, aqui, a noite, sozinho. fiz do meu quarto, e dessas cobertas, e desses cigarros artifícios fáceis e totalmente perigosos. saí todo ao contrário. mas essa é minha vida: errar e hesitar. não necessariamente nessa ordem.
sexta-feira, 13 de julho de 2012
fool
perco sonhos como perco as chaves de casa. vêm fáceis como vão. e no meio do caminho, deixo passar horas elaborando cenas hipotéticas, frases que eu diria, o levantar da sobrancelha com reações amargas - sem motivo nenhum, tendo em vista que no fim, as divagações cumprem sua razão de existir, baseadas na inexistência de acontecimentos que cheguei a sonhar. me vejo em meio ao tiroteio de cenas reais e imaginárias e me pergunto como eu vim parar aqui. não fui eu. talvez eu tenha acordado de um sonho bom já no meio desse caos. talvez eu tenha perdido as chaves de casa de novo. ou talvez, mas só um pouco, talvez eu tenha me negado a entrar e me forcei a esquecer cedo demais.
quinta-feira, 12 de julho de 2012
talking fast in the edge of nothing
conte dois segundos, e eu consigo me obrigar a virar os olhos e ir embora. e ninguém acredita quando eu insisto em dizer que eu sou horrível - por essas, por outras, por algumas que virão. chego a me odiar de leve e só depois consigo lembrar que co-existo com minhas pitadas de monstruosidade. eu tenho a noite, e eu me tenho. isso é suficiente por enquanto. não me atrevo a pedir mais.
quarta-feira, 11 de julho de 2012
if i had a heart
pra falar verdade a única coisa que eu queria era não estar aqui, pelo menos não agora. se algo me arrasta pra de volta da onde saí, sem nenhuma explicação, devo aceitar de que talvez isso seja uma inquestionável parte de mim. e pelo que provei, sendo meu, sendo teu, sendo de qualquer um - as coisas pertencem umas as outras por natureza, e não se despregam facilmente. a obviedade da relação as faz imutáveis. espero que me ouçam dessa vez, porque, quem sou eu pra lutar contra o rumo de tudo isso? deixo que apodreçam. não há mal nenhum nisso. mesmo podres, continuo as levando pra onde vou.
not now
acho que não nos despedimos no sentido literal, mas então, mais uma vez, sou forçado a voltar a memória de que deixamos um milhão de outros significados sem seu necessário preenchimento. algum dia isso chegou a me tocar, a ideia de derrubar conceitos, partindo do princípio de que deveríamos fazer tudo ao contrário me soou como qualquer outra saída inocente de mim. vivemos meses sem perceber. nossa subversão e nosso dadaísmo abriu feridas em momentos, rasgando cenas enquanto progredíamos. só consigo pontuar o que fomos agora, quando desisti. talvez eu me odeie por não ter tentado voltar. mas, mais uma vez, deixo os últimos arrependimentos fazerem jus ao que construímos e destruímos em volta de nós, tomando os caminhos contrários pra dentro da pele, embromando dentro de mim e despedaçando pelo fluxo frenético das minhas veias, fingindo que nunca chegaram a existir.
segunda-feira, 9 de julho de 2012
but I will keep dancing till I do
de alguma forma o desconhecido não me apavora. as vezes eu consigo enxergar de imediato que algumas coisas talvez não sejam na realidade, tão assustadoras quanto parecem. talvez tenha chego o momento de assentar e olhar a paisagem, sem se preocupar com perigosos devaneios ou em que curva perigosa minha mente vai parar antes de dormir. já posso sentir o calor contra meus braços. pela primeira vez sinto que não estou completamente fora de mim. tudo nunca foi tão real. e depois de tantos anos de sonhos, me deixem tirar um pouco do néctar da realidade. por esse único lado, aposto tudo o que tenho que não vai ser tão péssimo assim.
sexta-feira, 6 de julho de 2012
tied hands
parei de me questionar sobre a duração das coisas por pouco tempo e mal tive tempo de abstrair até cair em novas perigosas cenas por todos os motivos errados. silenciei por todos os motivos errados. talvez a minha aceleração não seja o real motivo do martírio mental. talvez seja só eu mesmo - e o perigo mora justamente nisso, reluto em me acostumar com algumas partes de mim. minhas teorias morrem, fáceis. tenho um ou dois pra me proteger de mim. não quero ceder o que sequer tive por completo. estou hesitando a dar passos além. não quero explodir por talvez ter ido longe demais.
quinta-feira, 5 de julho de 2012
you could stay
seria hipócrita da minha parte dizer que nada pareceu como se fosse acabar nos momentos seguintes. me despeço dessas noites, desses gostos, me despeço do cheiro de cigarro na saída. e tudo o que você possa pensar de bom não se equiparia a tais sensações. não chegou nem a ser ótimo. foi melhor.
quarta-feira, 4 de julho de 2012
cross
janelas de vidro quebram entre os meus dedos e talvez eu esteja um pouco bêbado pra ligar. talvez eu esteja um pouco velho demais pra isso. já sei de cor a sucessão dos fatos e na verdade isso só faz das coisas mais divertidas. fiz de mim por todos esses anos, por todas essas festas, por todas as voltas pra casa, por todas as gotas, por todos os tragos - fiz de mim o mais desprezível e quase que babaca profissional. mas isso é apenas o que deixo transparecer. sem arrependimentos. sem arrependimento nenhum.
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