quinta-feira, 30 de maio de 2013

terminals

seus olhos se encontraram com os meus ao vislumbrarmos de longe as sacadas espelhadas com vidros azuis. ainda lembro do cheiro de carpete e de manchas de vinho no chão. a simplicidade das noites que caiam fáceis contrasta agora com o barulho da arma que estrala ao se preparar para atirar. nossos antigos cenários se despedaçam na minha mente como fotos que pegam fogo rápido demais: as imagens derretem e se contraem, e por mais que elas lutem contra a chama que se alastra, acabam perdendo a luta e dando lugar ao mais insignificante dos vazios. as ameaças se aproximam conforme os cômodos começam a cheirar a pavios que queimam. e eu sei que não restará outra alternativa a não ser fincar meus dedos contra a pele e te entregar tudo o que resta das minhas veias. por enquanto, me pego preso a nós atravessando ruas nojentas enquanto agonizo em silêncio no banco detrás. e dentro da minha cabeça, ao virar os olhos, sussurro devagar para o sol que se põe trazer na manhã seguinte todas as conclusões que eu simplesmente não pude te dizer. 

terça-feira, 28 de maio de 2013

down the drain

estou há dias tentando achar um fim conciso para as nossas histórias. perco o sono ao tentar procurar pontos finais. o céu me deslumbra com infinitas possibilidades quando a noite cai. mesmo estando tão longe, ainda tento achar uma lógica que interligue as mais belas estrelas - tão desconexas. estou com sede do fim. todos os meus passos para frente parecem não ter sentido, uma vez que inúmeras feridas abertas há tanto tempo repousam logo atrás de mim. estou me desligando pouco a pouco do que não me faz mais bem. e quando não consigo por si só, retiro todo o sentido do que me machuca e deixo o fim à relva, para que o destino possa cuidar. algumas coisas simplesmente não me cabem mais. mas isso não implica necessariamente que, de vez em quando, ao olhar pra cima, eu não imagine para onde todas aquelas partes foram depois que resolvi deixá-las para trás.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

an ambulance sped

lanternas apontavam pros meus olhos no sonho de ontem a noite. eu não consegui ver quem ou o que. sequer consegui me situar. flutuei desprendido de qualquer senso enquanto me sentia totalmente encurralado pelas luzes que vinham de todos os lados e tremiam ao me encontrar.  me perdi na escuridão mais uma vez e me vi deitado na plataforma do metrô quando finalmente abri os olhos. você vinha de encontro a mim despejando todo tipo de mágoa acumulada por tanto tempo. eu te abracei forte demais e deixei tudo o que me atormentava pra trás. tudo parecia como se fosse da primeira vez. tudo tão lindo, como a primeira vez, toda de novo. 

quinta-feira, 2 de maio de 2013

is this it

nasci e morri nas palavras que aqui deixei. fiz de mim meu melhor amigo e pior inimigo. permaneci à espreita do desenrolar dos fatos enquanto a noite me acariciava lentamente com o passar assustadoramente rápido de seus minutos. tudo aqui sempre teve uma natureza dual, uma essência que transparece misteriosa, enquanto seu plano de fundo foi o tempo todo totalmente perturbador. aqui estou, após ter nadado por mares turbulentos e caminhado lentamente por estradas de tijolos amarelos. estou a beira do fim. já posso ouvir a chuva que antecede a partida, o desfecho, o último adeus ao mundo que aqui criei. abraço minhas palavras uma a uma. me despeço, relutante, das minhas fases, paranóias, obsessões, romances. estremeço ao lembrar de todas as vezes em que fervi de ódio e derreti. faço desses parágrafos uma recordação póstuma de tudo o que documentei aqui. e talvez, quem sabe, alguns dias eles não passem a ser um mero prelúdio a um novo livro, uma nova página, uma nova era. obrigado ao blog, e aos poucos que leram e se importaram com o que eu tinha a dizer. eu vou em paz. vejo vocês por aí. até mais.