segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

among dreams

chegamos à certas conclusões por motivos totalmente concretos. elas dançam ao vento com o destruir causado pelo caos, e arrastam-se sob a poeira que assenta cobrindo as cenas de tragédia ao seu alcance. e por mais horrendo ou devastador que seja, toda a destruição é o anunciar de uma nova era. jamais nada será o mesmo. o recomeço mais legítimo é aquele que parte do pressuposto de que há uma verdadeira renúncia de grandes hábitos e verdades que se faziam parte de uma realidade já vencida - talvez, se jogar de um precipício de livre e espontânea vontade por ter simplesmente sentido a necessidade de recomeçar não tenha o mesmo poder. ela é um produto imediato de inúmeros desencontros, desentendimentos e tragédias que te socam o estômago até você não conseguir respirar mais. é a necessidade de escape que tem todos os seus fins justificados que a legitima: ela dói em todas as partes da vida. mas, de resto, tenho que deixar aqui o meu brinde à tragédia. 
ela é necessária à arte.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

aiming too high

encharquei a linha amarela que separa o trem da plataforma com lágrimas. elas despontaram quando eu acabava de cruzar a avenida, e me acompanharam por minutos a fio, desaparecendo assim que a primeira figura conhecida apareceu no cenário, me pedindo pra respirar e afagando meu cabelo devagar. aquietei a mente e deixei os olhos à espreita, sentindo o espreguiçar de todas as minhas veias. a ânsia provocada pela conclusão de que todos os caminhos que me obriguei a tomar tenham se tornado nefastos pesadelos quase me empurrou em queda livre do décimo terceiro andar. mas talvez ainda exista um porquê. olhando pelo outro lado, inúmeras vozes silenciaram hoje. entre elas, notavelmente a do meu desespero foi a que nunca mais disse nada. por ora, todas as perguntas que eu ainda tinha pra fazer já foram respondidas. silencio em mim. logo logo o chão da plataforma estará livre de mim também.