sexta-feira, 25 de julho de 2014

head over heels '88

talvez eu tenha dito algo de errado no carro. existem partes dos dias que não me recordo muito bem. quando percebo, já falei milhões de palavras, já acendi vinte cigarros um após o outro, já fiz comentários sobre o mesmo assunto duas ou três vezes na mesma conversa. minha mente passa o dia inteiro se culpando pela maneira como tudo se deu até agora. fico em silêncio porque minha cabeça está tomada por um pensar ensurdecedor. todas as minhas conclusões parecem vagas. elas se dispersam na fumaça, e projetam lacunas nas paredes. são imagens recortadas, banhos de sangue, dias de sol. minha visão embaça com o ritmo da luz que vai e retorna, oscilando friamente sob os meus ombros. estou aterrorizado pela ideia de ficar à margem das coisas, esperando que o destino me guie com suas próprias mãos. no final das contas, acabo fazendo tudo o que posso e não posso fazer. os resultados são inesperados. e quando as coisas batem à minha porta, quem sou eu para mandá-las embora?

domingo, 20 de julho de 2014

pour a little salt

existe uma série de desdobramentos quando se decide mudar as prioridades. durante todo esse período eu pude perceber o quanto as pessoas se fecham em si mesmas com o passar do tempo. seus princípios os incham até criarem calos, seus medos os cegam, seus arrependimentos e suas culpas os impedem de agir normalmente. faz parte da dor a experiência de agonizar. ela sempre precede o alívio, que a estanca pra sempre. talvez eu tenha corrido atrás de todos esses socos na cara pra me precaver de que qualquer dor depois seja insuportável. realmente, as pessoas não mudam. mas o que elas querem nunca para de mudar o tempo todo. 

quinta-feira, 10 de julho de 2014

lost my breath now

eu escrevo isso sem total consciência do que se deu depois de todas as vezes que decidi que era hora de partir. ainda encontro escombros pela rua, fotos que inundam a tela do meu celular, escadas rolantes sujas de sangue. cansei de tentar me achar nos lugares errados. talvez eu não seja um camaleão: minhas sobrancelhas reprovam frases que saem tortas, meus pés batem descontroladamente contra o chão quando eu quero ir embora. sou a figura impressa do imperfeito e não quero nada que me seja dado goela abaixo. verdade seja dita, grandes homens sabem a hora de jogar a toalha. talvez seja a minha vez.

sexta-feira, 4 de julho de 2014

watch out for yourself a little

as paisagens da estação pareciam quebradas. a lente do meu óculos queimava contra o sol e tudo o que eu via tomava escalas de verde. a solidão é palpável e é também uma opção. não é que eu esteja tentando me achar ou nada do tipo, eu só estou preferindo deixar as coisas ao acaso e viver só comigo mesmo o que só eu posso viver.