segunda-feira, 29 de abril de 2013

our skin is ash

morremos cada qual ao seu léu. o sangue que pingou de nossas veias por tantas ruas agora corre preso à salas, escritórios, quartos escuros, estações de trem. nossas garrafas estão vazias há muito tempo. talvez eu tenha entendido tudo errado, mas de alguma maneira, algo existiu. uma geração, ouso dizer. e eu fui parte da turma que ressurgiu e recriou toda a decadência que é ser jovem e imbecil. e foi tudo justamente da forma que deveria ter sido então. sem nenhum traço a mais ou a menos. e desde então, a vida nunca mais parou para ninguém.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

glamorous indie rock and roll

"meus lábios se fecharam e o que me restou foi apenas o gosto agridoce das manhãs em que mundos colidiram contra o meu. me restaram muito mais do que memórias dos intervalos em que as pessoas atropelavam as palavras por terem muito o que dizer. me restaram amigos que falam alto no metrô, que te esperam do lado de fora pra dividir um cigarro, que se preocupam, que te recebem de braços abertos. ganhei amigos que riem juntos dos pensamentos mais escuros por no fundo, pensarem todos da mesma forma. ganhei amigos que te trazem lanche de manhã, que correm pelas escadas das estações, que não estão nem aí pro lugar de onde você veio, para a roupa que você usa, ou para o que você tem ou não a falar. ganhei amigos que se importam em me ter perto. tive a sorte de achar essas pequenas joias em um lugar tão longe de casa."

terça-feira, 16 de abril de 2013

collider

acabei ouvindo o sino que anunciava as sete horas da manhã enquanto sentava numa mesa fria. eu nunca havia me imaginado em nenhum dos lugares que recentemente consegui chegar. tudo pra mim tem cheiro de novo, de desconhecido, de desafiador. tudo o que me encara me faz transbordar em partes de mim que eu até então nunca havia notado a existência. comecei a pertencer às manhãs congelantes, aos terminais de trem, às salas lotadas e aos refeitórios pintados de vermelho e amarelo. guardo o meu nervosismo no fundo e ergo a cabeça. abraço e agarro de mão cheia todas as novidades. depois de quatro longos meses, meu mundo finalmente volta a girar. e não podia ter sido de nenhuma maneira melhor que esta.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

reboot

pereci palavras ao amanhecer enquanto tentava ensaiar cenas. programar céus que girem devagar. me policio pra que eu não peça demais, mas ainda sim, as coisas me dão as costas. me desatam. desapegam. sangro indiferente, de pulsos abertos no meio-fio. não estou pedindo socorro. me reservo apenas o direito de chorar as últimas lágrimas mais uma vez, ao assistir tudo o que mais me importava partir. mentiram pra mim esse tempo todo. vigio a xícara de café esfriar de manhã, estacionada no canto da mesa. tudo me escorrega pelos dedos. cansei de me sentir um cachorro. cansei de acordar de mãos vazias.