voaram cinzas, como nunca deixaram de voar. rotineiras, cansativas, deitando no ar. cansaram, como eu cansei. como eu cansei do asfalto sujando o tênis, da paisagem de casas passando pela janela do ônibus. como cansei de todas as palavras. prefiro o conforto das cobertas com a janela fechada e o quarto escuro, sóbrio, calmo, perdendo toda a diversão. mas se eu dormir, eu esqueço. como todos esquecem dos olhos que um dia foram perdidos. é assim que me sinto às vezes, assim que me sinto agora. de qualquer forma, é assim que me sinto por tempo demais.
sábado, 23 de abril de 2011
domingo, 17 de abril de 2011
violet
naquela noite nada fez sentido. nem meu estranho vazio ou vento soprando contra mim. perdi a conta de quantas vezes sequer levantei os olhos. mas ninguém ouviria, no estranho silêncio, na mais completa euforia. sequer eu quis ouvir. há um caminho pra fora disso tudo, talvez no final da rua, na praça triangular, esperando pelo ônibus, em meio a lojas de alto padrão. consegui entender que agora nada me resolve. mas encontrei tantos outros indícios, tantas outras anestesias.. todas muito longe daqui.
terça-feira, 5 de abril de 2011
lovers who uncover
e onde se encontram as colisões de tempos atrás? foram devidamente fechadas, escondidas? todas foram seladas, pelo menos para mim. nunca esperei que tudo mudasse, pelo menos não assim, pelo menos não dessa maneira. se os olhos embaçam, a culpa já não é mais minha. onde anda o semblante de nossos antigos tempos, de nossas antigas histórias? as coisas estão todas cheias de poeira. não há silêncio, ou mistério.. minhas mãos estão totalmente frias, totalmente ausentes. nós somos ausentes. nós não somos nós, pelo menos de acordo com você. nós somos apenas restos relutando para fazer voltar o que nunca esteve em sincronia, ou completo. e é claro que estou perdido mais uma vez, mas como ter medo disso tudo sem ao menos saber o que jaz atrás de toda essa escuridão?
sexta-feira, 1 de abril de 2011
train tale
falo como um de nós, por todos nós. não há quem culpar. os fatos já foram todos escondidos, apagados. deixaram cinzas das bordas de inúmeros papéis queimados pelo meu quarto. algo se curva sobre mim projetando sombras que vão além de onde estou. só não queria estar aqui agora. talvez nunca realmente quisesse estar aqui. sinto cheiro de facas sendo afiadas, de amanhãs incertos, de faces que apodrecem, de mãos que se soltam uma das outras quando o que vem por baixo pede socorro. queria estar imerso no mais completo nada. seria melhor do que ouvir todas essas portas se fechando, todas essas palavras afiadas, todas essas quebras. seria melhor do que recolher todos esses cacos. fazia frio demais no canto do banheiro, e os olhos velavam a porta com um medo real de quem pudesse abrir, ou do tempo que levaria para tudo aquilo se tornar menos pesado, menos interminável, menos impossível. sou tudo o que posso ser agora, mas não sinto como se estivesse sendo eu.
Assinar:
Postagens (Atom)