terça-feira, 29 de junho de 2010

nesse aspecto

sou infeliz. não escondo, não arrependo, não temo dizer. a culpa não é de ninguém. sou um dialeto que ninguém traduz. meus ombros ocupam espaços que se direcionam ao vazio. olho por cima de um. olho por cima do outro. não vejo ninguém. não vejo ninguém que me tente, não olho as palavras. corto-as. procuro a essência de você. jogo-as no mais remoto canto do meu quarto, onde elas pareceram criar uma espécie de comunidade, divididas em pilhas e pilhas. pretendo entregar todas elas a você. porque você soma tudo e imediatamente me foge, escorre pelo ralo. sei bem seu nome, mas quando olho pelos ombros, não vejo ninguém.

Pick your pockets full of sorrow and run away with me tomorrow

vamos fugir, é tudo que eu te peço. joguei minha vida pra trás e enfiei ela toda numa só mochila. agora só me resta a certeza de que você vai me acompanhar, indefinida.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

i'm running out of time

corro pro amanhã que você prometeu fazer acontecer. mas não sei se vou chegar a tempo. tenho algumas horas no meio do caminho. e elas parecem voar rápido, escorregadias. o ponteiro do relógio me olha, vara a sala, rindo, assistindo minha procura. ri quando eu reclamo. ele sabe que não vai dar tempo. eu sei que não vai dar tempo. todos sabem. porque você ainda acredita que eu sou capaz? seria muito melhor se você me conhecesse também. saberia que não vale a pena esperar.

domingo, 27 de junho de 2010

dream


sabia que eu tava atrasado. devia ser 5 e meia da tarde, já tava começando a ficar escuro. saí de casa, não pra escola. saí desarrumado, sem uniforme, sem compromisso. saí correndo. cada passo, cada baque do meu tênis no chão era memórias que me cercavam como poeira por alguns segundos até eu atravessá-las. lembro de poucas, ouço gritos e um copo levantando, sei que haviam mais. porém, não lembro.
na avenida no poso falho da esquina, do outro lado da rua, deitei na calçada, mas dava pra ver o teto branco do posto me cobrindo parcialmente. sem distância. o ali aqui, agora.
as nuvens fechavam a cara, cinzas. diluidas no por dô sol que servia como plano de fundo atrás.
uma gota. duas gotas. três. quatro. várias.
levantei o capuz e sai correndo pra casa.

Listen to the silence, let it ring on. eyes, dark grey lenses frightened of the sun.
We would have a fine time living in the night, left to blind destruction, waiting for our sight. Dance, dance, dance, dance, dance, to the radio.
Dance, dance, dance, dance, dance, to the radio.
Dance, dance, dance, dance, dance, to the radio.
Dance, dance, dance, dance, dance, to the radio.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

do you really think he'll pull through?

tenho medo de tudo voltar a dar errado como vem acontecendo. não me permito por meros segundos imaginar as realidades que posso tomar.. fico estático, intacto, nulo esperando tudo isso passar rápido. eu sei que não vai. e eu sei, que se um dia tudo voltar a caminhar da maneira certa novamente, eventualmente tudo vai começar a dar errado de novo. é um ciclo vicioso. e toda vez que eu fico na fossa, parece que vou indo mais fundo quando retorno. não sei até que ponto aguento tudo isso, caros amigos. não sei.

we can be heroes!

Algumas coisas chegam sem nenhum aviso prévio... Não sei definir se a surpresa de receber uma nova realidade foi agradável. Foi um choque, posso dizer. Voltar a viver num mundo em que você não está mais aqui, parece distante de novo, escorregou dentre os espaços dos meus dedos. Tão perto. Menti pra mim esse tempo todo. Tentei me enganar, mas eu sou o que mais sei que se eu tivesse qualquer chance mais próxima... Eu não ia hesitar. Ia estragar tudo, por alguns segundos mais intensos. Ia colocar a maioria da minha parte a perder. A troco de sentir o que eu esperava sentir. Talvez o mundo esteja tentando me preservar.. com você partindo e vindo de volta, comigo alternando... Tentando afastar a possibilidade de nos tornarmos o que eu almejo e temo ao mesmo tempo. Faço mil distorções, mas devo dizer.. que se não for pra ser assim, o que podemos ser, então? Que sejamos heróis. Just for one day.

celestica

Hora errada. Tudo o que eu posso dizer. Necessidade parcialmente certa, forma totalmente errada. Totalmente incerta, esnobe, totalmente você. Encantadora. Amável. Irrecuperavelmente minha. Parece vício meu esse, manter as pessoas na conserva. Brincar de idiota. Adiar a discussão. Adiar a decisão de determinar o que somos, determinar o que eu nem sei. Determinar o que eu não quero perder. Mas não me peça prazos. Sei que pareço detestável em brincar com tudo isso. Mas qual a outra forma de te manter? Espero que você possa me dizer que tem um poder mágico de não me esquecer, mas não sofrer por isso. De esperar sem ansiar. Sussurrando no meu ouvido, você diria isso. Eu me seguraria pra resistir. Parecíamos completos, se amando, separáveis – parecíamos dois idiotas, cada um andando pra um lado, mas mesmo assim sabendo que nunca saímos da mesma estrada, nunca deixamos de preencher o mesmo lugar.

The sun’s coming out

Sou um completo retardado quando o assunto é você. Corro, incansavelmente, pra longe. Fujo das decisões. Envolvi por uns segundos, e te soltei no ar. Você quis voltar. Eu quis que você voltasse. Mas por alguma razão, eu não consigo parar de me esconder. Queria muito que tudo fosse fácil. Queria muito olhar nos seus olhos agora e dizer tudo o que eu deveria dizer e tudo que você queria ouvir, sem mentir. Queria muito dizer que é só você. Você, em resposta, deveria ser um pouco mais forte, e assumir que a minha multiplicidade não te afeta. Eu te amo, eu realmente te amo. Mas me desculpo, eu tenho que dizer a verdade, e que se for pra eu me afastar pra deixar de te fazer sofrer, tem que ser assim. Eu te amo, mas não deu.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

drive away our hearts

watch them carefully, perhaps you will notice

eu sei que o fim está próximo. não dói ter que dizer isso.. porém, de alguma maneira, fico parado, sem reação a tudo isso. hipnotizado pelo vento que bate contra as folhas criando uma inconfundível coreografia.. sinto as delicadas mãos deslizando no cenário, acalentando minhas costas. ouço as pequenas batidas, o ritmo certo, justamente como eu previ. o céu cheira a pólvora, e caem pequenas faíscas de neve no meu ombro. eu olho pro meu lado direito, ele sorri. eu olho pro esquerdo, ela sorri. eu abaixo, de joelhos.. e aceito o meu ponto final. tudo passa em poucos segundos.. como se eu vivesse na beirada do mundo.. e pulo contra a escuridão. talvez, eu tenha realmente visto alguém camuflando-se contra a árvore escura.. talvez fosse eu, voltando no passado - me olhando uma última vez, antes de ter que partir. não sinto medo, nem dor - sinto-me completo, como se viver tivesse valido apena. como se cada segundo, tivesse sido da maneira que teve de ser.





quarta-feira, 9 de junho de 2010

if you want me to..

sei que é pedir demais que algumas coisas se saíssem da maneira que eu esperava. o tempo decepa expectativas, e eu não posso simplesmente alterar isso. a verdade é que no meu caso, é um pouco tarde demais pra desfazer tudo o que construí, mudar meus caminhos, alterar opções. tarde demais, já que eu já te trouxe pra dentro de mim. eu só quero ir pra casa.. e a opção de me acompanhar é sua.. completamente sua. não vou esperar que você pegue na minha mão e me acompanhe, mas também não quero ter a certeza de que você vai ficar imóvel me vendo partir. onde estamos, então?

soulmate,

aonde quer que você esteja, please come and save my life.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

heaven knows it's got to be this time!

queria muito que tudo isso tivesse volta.. porque e quase que inevitável o fim de todo esse momento: nada pode sempre dar certo, uma hora a sorte escapa. porém, era desse tipo de realidade que eu estava precisando.. acho que nunca aproveitei tão intensamente e fui tão pouco afetado pela negatividade. talvez sejam os astros, ou simples bons ventos que varrem meu amanhecer. nada é eterno.. mas que isso tudo não acabe tão cedo. é a única coisa que peço agora.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

do you remember?

a cicatriz nos meus pulsos ferve quando eu vasculho tudo o que aconteceu, quando eu vejo que você foi embora. inevitável. eu só gostaria de poder tido uma última chance de dizer o quanto você significa pra mim, a importância que você teve na minha vida. tento revolver as memórias, escutar algumas palavras preciosas na tua voz, que guardei como ensinamentos.. talvez isso amenize um pouco a saudade, ou talvez não.. eu só queria ter a certeza de te ver de novo. daria tudo pra voltar naquele momento em que eu sentado no chão com o telefone ao ouvido, ouvia você dizer que anjos existem. já faz quase um ano que tudo aconteceu.. e a saudade permanece mesma, imutável, irremediável. obrigado por ter existido, e me desculpa, mas eu não consigo continuar a escrever, pelo menos não agora. eu te amo. saudades eternas.