segunda-feira, 30 de junho de 2014

un-shatter

existem certas coisas que eu tenho vergonha de assumir. principalmente quando se diz respeito à fraqueza. mas sim, eu fui fraco por alguns segundos. você abriu mão de tudo num tiquetaquear do relógio. eu tive pouco tempo pra procurar algum outro sentimento e cedi. por mais que eu tenha tentado lutar, mesmo que pouco, não havia outra maneira pra se sentir. o ressentimento banhou minha mente e a visão ficou turva enquanto eu recolhia os pedaços de nós debaixo do céu frio de sexta-feira. o tempo parou de repente. pela primeira vez em meses eu não sabia o que falar e nada mais importava. o cenário ficou estático e as pontas dos meus dedos começaram a tremer. lembro que findei o momento antes mesmo que eu pudesse perceber. meus olhos vermelhos cerraram e eu voltei ao chão. tirei minha arma empoeirada da mochila e, sem hesitar, baleei todas as coisas boas que você despertou em mim. talvez eu tenha sido rápido demais no gatilho, mas ali, com os dedos apertando a blusa e a luz escassa, eu senti que eu precisava me libertar de qualquer coisa que começou em você e veio parar em mim. já se passaram dois dias e as suas palavras ainda me assombram. agora, elas já são muito mais raras no meu pensamento. perdê-las de vista me custou alguns tragos, me deixou de olhos baixos, me fez perder todo o ritmo do final da semana. hoje eu deito com a mente tranquila. talvez os restos de você saiam de mim pela manhã. já estou pronto pra deixá-los ir como deixei você ir também: em paz.

domingo, 22 de junho de 2014

dancing in the darkness now its three years before I was feeling so heartless

eu ainda me lembro vagamente de como as coisas se sucederam. as dúvidas floresciam rápido demais na minha mente conforme o andar do trem. por alguns segundos tudo pareceu inconstante. a culpa talvez tenha sido dos vidros sujos que escondiam as paisagens que tornei habituais. algo me impedia de transcender: ir além das interrogações nunca havia sido uma tarefa tão árdua. durante todo esse tempo eu tive que reaprender tudo o que eu julgava saber simplesmente porque as pessoas são imprevisíveis. meus ombros estão cansados de rotas, estradas e horas que passam devagar. a expectativa impõe ao tempo um ritmo infinitamente mais devagar. saí de todas as lições como se deve sair: com os punhos cerrados e os olhos roxos. o trem para em mais uma estação. talvez seja agora a hora de fazer valer a pena.

segunda-feira, 9 de junho de 2014

greater

algumas palavras levam certo tempo pra permear na minha mente. as mais estranhas se assentam quando passo pela terceira esquina da avenida, todos os dias pela manhã. as deixo do lado de fora quando entro no elevador e a resgato quando vou embora, jogando-as no lixo antes de chegar na estação. esses pequenos espaços de tempo em que minha mente gira em torno de contextos, causas, lugares, tons e horários me entregam conclusões de maneiras assustadoramente precisas e adequadas. no final de cada dia, cada final de semana – depois de todas as quinta-feiras mau dormidas – eu sei exatamente o que fazer. e os problemas explodem fáceis, um a um, escorregam como grãos pelos dedos, explodem como fogos de artifício silenciosos no horizonte. eu quero poder estar em qualquer lugar e ainda sim, estar em paz.