segunda-feira, 24 de junho de 2013

super collider

nossa noite findou com um balão que ascendeu ao céu. com alguém que parte. com o vento na varanda, deixando de fundo meia hora de palavras trocadas num quarto escuro. nossos olhos cediam em frente á televisão, mais uma vez. somos um conjunto de repetições e ocasionais surpresas.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

sad dreams

você invadiu meus sonhos na noite passada. lembro de você contemplando o chão, olhando pra baixo, sem dizer sequer uma palavra. qualquer reminiscência de nós me remete diretamente à você, a quem você é agora, em como você está, e ao que você anda fazendo. sinto o gosto agridoce do que fomos nos meus lábios quando as cenas voltam a correr na minha mente, e se alongam, indo e voltando no passado e no presente. nós somos esse ninho de contradições: fomos feitos um para o outro na mesma medida em que não fomos, nossos toques se eletrificavam e tornavam-se suaves ao mesmo tempo. fomos a lua que domava nossas próprias marés, deixando as ondas enfurecidas ao fim de todas as noites. me pergunto o que aconteceu para que o mar esteja tão tranquilo agora. a calmaria desse nosso oceano me incomoda e me alivia, e é justamente nesta indecisão que nos encontro novamente, nos repelindo e nos aproximando como os dois ímãs indecisos que somos. é esse vai-e-vem que me impede de partir, até porque, nem eu e nem você sabemos o que o amanhã nos reserva. e que caiam nossas cambaleantes pontes que nos ligam um ao outro, para que eu possa morrer em nós, finalmente em paz, cercado por um milhão de grãos de areia e sequer uma imagem de você.

baddest bitch

por vezes, minha carne queima como a de todo mundo queima. mergulho de cabeça sem olhar pra trás, e a partir dali, minha mente apaga e meu corpo faz todo o trabalho de ação e reação. eu também gosto das coisas cruas. gosto do pensamento que se erradica e dá espaço pra que os pulmões ofeguem e a pele derreta em si mesma. por vezes eu canso de ser totalmente racional e esqueço que existem certas alternativas. os atos impulsivos sempre foram meus grandes aliados. e os carrego comigo, pelo menos por agora.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

how are you?

tudo me cai como uma luva. os lugares que frequento são perto demais, tenho pausas consideráveis entre um compromisso e outro, tenho certas autonomias que eu não tinha anos atrás. mas, quando eu deito a cabeça no travesseiro, parece que algo me falta. ardem as bordas do buraco que existe em meu peito e eu simplesmente não funciono mais. as coisas que eu condeno por simplesmente existirem correm soltas mundo afora, e eu, eu  vou continuar agonizando antes de dormir. eu sei que eu não posso mudar o mundo. mas eu não quero que ele me mude também.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

bites

"tive que parar o formigamento nas minhas mãos em questão de segundos e olhar firmemente dentro dos seus olhos. era como se tudo em volta de nós houvesse sumido, silenciado. seu peito estufava cada vez mais e eu me senti à beira do colapso. segurei firme em mim mesmo e procurei a mais calma feição que eu poderia expressar. eu sabia que nós todos tínhamos tudo a perder. e justamente quando os meus piores pesadelos começavam a se materializar na garagem, nós já estávamos longe demais dali. derreti as minhas últimas gotas da minha adrenalina quando aquietei, sentado na calçada da nossa padaria. ri respondendo aos seus risos. nós sabíamos que tudo findava naquele momento. espero que pra você, esta tenha sido a última prova de que algumas coisas devem ficar pra trás. e eu fico feliz por ter estado ali contigo, empunhando os meus mais pesados escudos, como você sempre fez por mim."

sexta-feira, 7 de junho de 2013

yeah, maybe

anos depois, o mesmo sonho se dissipava na mesma sala em que o primeiro se concretizou. o cenário pouco mudou, mas eu já sabia para aonde os passos que eu daria a partir dali me levariam. eu já conhecia todas as paisagens que iria voltar a enfrentar. já sabia descrever com a palma da minha mão todas as rotas: ruas, avenidas, travessas, destinos. e por mais excitante que seja a mudança definitiva, a vida fica um pouco sem graça quando já se tem uma leve ideia de onde ela irá te levar. a falta do elemento surpresa inibe todas as expectativas e anseios e dá lugar à um novo sentimento de desânimo por apenas estar cumprindo a sua obrigação ao recomeçar. meus velhos hábitos voltam tomando conta de todo o ambiente. sento errado porque me convém sentar assim e se eu cruzo os braços ou não, quem sabe isso não é um problema meu. não quero que ninguém dite as regras de um jogo que dominei por tanto tempo. não me faço mais rei de nada já que o meu momento já passou, mas eu sei como as coisas funcionam, e até a presente data, nada me interessa além de cumprir única e exclusivamente o meu papel. seja de braços cruzados ou não. esse é o meu mal-educado "bléh" pra tudo aquilo que não me cabe mais.