o que me restaram foram peças. o ano todo resolveu quebrar nas minhas mãos logo agora e possuo apenas os restos aos quais estou atado - em sua maioria lembranças ou vontades vagas, porém poderosas. as balas me atingiram através de pequenas coincidências e acontecimentos inoportunos. minha cama está cheia de sangue e eu simplesmente não consigo levantar. não quero olhar pra trás. não quero olhar pra fora. na verdade, não quero olhar pra lugar algum. sinto que meus braços tornaram-se pedras e talvez essa estranha mutação esteja se espalhando pelo que resta de mim. eu não tenho nenhum agente facilitador pra me levar a qualquer coisa que almejo, e a pouca base que tenho se ausenta da culpa caso tudo volte a dar errado. e vivo assim, sentindo que a realidade gira em círculos ridículos onde o sentido das coisas vai sempre para o pior. meus dentes machucam e minha raiva me faz pensar que por vezes seria uma alternativa viável explodir. e que eu exploda com os fogos que anunciam 2013 - pra talvez começar o ano livre da pessoa que eu costumava ser.
segunda-feira, 31 de dezembro de 2012
domingo, 30 de dezembro de 2012
videotapes
as músicas voltam do começo enquanto eu danço acompanhado da miséria na varanda fria. as imagens de todos os anos passam pela minha mente rápido demais e cedo sem pestanejar. eu sei que tudo o que passou vai fazer falta. mas eu não quero que nada do que passou passe mais. nunca mais.
sexta-feira, 28 de dezembro de 2012
stripes
quando a manhã colore o meu quarto irradiando pela janela entreaberta, minha mente se revira para o lado contrário, e descansa em seus ombros, reavalia a cor dos seus olhos e meus dedos percorrem os seus braços, explorando-os devagar. meu coração pausa o fluxo que os sonhos despertam e mesmo dormindo eu suspiro profundamente quando todo o processo termina. te tirei pra fora dos meus sonhos só pra saber que não corro o risco de não poder te ver e te fiz jazer ao meu lado em todas essas manhãs. eu me sinto mais seguro assim.
domingo, 16 de dezembro de 2012
the helena beat
mesmo eu traço conclusões rápido demais e deixo pouco espaço para qualquer espécie de surpresa. mas há ocasiões em que alguém chega e tira tudo do lugar, sufocando planos e revirando tudo o que eu demorei meses pra ajeitar - e há ocasiões em que eu agradeço por isso ter acontecido. dessa vez não se trata de nenhum thrill, nenhuma espera e nenhuma palavra inacabada - são momentos que derretem deliciosamente entre os dedos justamente na maneira que tinham de ser, revirando esperanças e me forçando a enxergar que o mundo talvez não seja só o que eu pensava. há por aí um leque infinito de novos lugares, novas pessoas, de cenas que regressam e se reformulam. existem novas esperanças, novos sonhos, novos sentimentos, novas alternâncias, novas decepções, novas recompensas. virando a esquina existem novos universos, novas entranhas que a vida me reservou. meu mundo antigo se fechou e está selado à sete palmos embaixo da terra. e a cada segundo que passa eu me afasto e me aproximo mais, numa dança embalada por qualquer ritmo que eu julgar apropriado. são novos dias que surgem, e tudo que me diz respeito está finalmente em minhas mãos.
quinta-feira, 13 de dezembro de 2012
berserk
imergi do fundo de mim e mal posso esperar a hora de voltar. a vida não me parece tão rasa agora. não consigo mais dar atenção à coisas pouco complexas. e foi durante esses meros segundos em que meus olhos abriram que eu consegui enxergar tudo o que venho lutado para entender durante meses: todos os desencontros, as esperas, o final de ruas escuras, todas as mesas de bar - os universos atam-se uns aos outros orquestrados por um acaso lógico que, formado nos primórdios de todas as histórias manteve-se fiel à todo o seu princípio durante todo o seu desdobramento. as coisas só acabam porque a maneira nas quais elas começaram já predestinaram seu fim. talvez essa seja só mais uma conclusão que me ausente da culpa das coisas terem findado da maneira em que findaram. de qualquer maneira, ter me perdido em mim me deslumbrou e foi o suficiente pra me alimentar mais uma vez. espero conseguir chegar á novas profundezas sozinho, me perdendo em prédios enormes e indo cada vez mais pra dentro, fazendo a mente funcionar ao contrário, mesmo que por meros segundos, revertendo-a breve demais.
terça-feira, 11 de dezembro de 2012
TWO
talvez eu ainda tenha algo que vale a pena ser dito. talvez eu não esteja totalmente imerso em cadeiras vendo imagens passarem - sou mais do que uma alma que vaga pela varanda todos os dias ás exatas três da manhã. mesmo que seja irônico, posso afirmar com absoluta certeza que permear as mesmas cenas e as mesmas rotinas me completa mais do que quebrar um osso diferente a cada dia, como eu costumava fazer. gosto de ouvir palavras que soam vazias e de me afastar lentamente da região costeira de mim, retornando ao final do dia, com um sorriso de orelha a orelha. por favor, encham-me de coisas que eu não quero saber, pessoas que eu não faço questão de encontrar e desatem, amarrem e soltem de novo. nunca estive tão feliz por permanecer imóvel de frente a mudanças, desapontamentos, promessas curtas e esperas longas. e que as músicas não terminem e as despedidas durem mais. depois de abrir pétala por pétala, agora eu retrocedo, fechando atmosferas e pintando o fim de cada cena, voltando pra casa, junto ao anoitecer mais uma vez. estacionar dessa forma é quase desumano, mas acabo de descobrir que talvez eu seja também.
segunda-feira, 10 de dezembro de 2012
ONE
queria guardar esse momento pra agradecer à quem ficou e agradecer aos que se retiraram por finalmente irem embora. agora eu regresso ao lugar de onde vim, com as mãos totalmente atadas e a certeza das missões completamente cumpridas. eu fiz o que me coube e o que pude da melhor maneira possível, e isso foi mais do que o suficiente. cumpri o papel a qual fui designado, mas talvez agora seja hora de voltar atrás e tornar-se mais de mim em eu mesmo. quero ter a sorte de poder voltar aos velhos hábitos, ás antigas preocupações, ás noites intemináveis e a falta de palavras. estou faminto de falta do que dizer, de falta de inúmeras necessidades. estou finalmente feliz por poder ter redescoberto aonde é a minha verdadeira casa, aonde é o meu verdadeiro lugar. obrigado, e pode deixar que a partir daqui o rumo quem assume sou eu.
terça-feira, 4 de dezembro de 2012
segunda-feira, 3 de dezembro de 2012
ya ya ye
por um dia inteiro eu consegui esquecer que existe um mundo lá fora e explodi tudo o que pude aqui dentro. dominei cômodos e deixei rastros de destruição de todas as preocupações por toda a casa, e redescobri que não preciso de muito pra ser feliz. já cumpri toda a minha parte do tratado e já preenchi todas as lacunas que me foram incumbidas de preencher. me desprendi da espera de qualquer resultado e resumi o aqui, o ali e o agora em perspectivas simplistas com um sorriso no rosto. fui impedido de ver além por emanar purple haze por onde tive que passar. eu sei que tudo vai dar certo. e se nada sair da maneira com que eu espero, não há nada, pelo menos por ora, que eu possa fazer.
sábado, 1 de dezembro de 2012
\\\\\
o desespero deu seu último grito antes que eu o afogasse em todas as minhas mágoas. transbordo minutos que compartilho com mãos ausentes, que cobram o que mal tem condições de pedir. tínhamos tantos sonhos. tínhamos eternos amanheceres que viriam azuis, e fins de tarde com o céu arroxeado. tudo esvaeceu num piscar de olhos. e apesar de terem me orientado o contrário, eu lutei por você. eu me agarrei aos seus beirais e insisti que valeria a pena. insisti que não era só isso. não me faça te obrigar a partir mais uma vez. só, só vai embora. você desfez minhas paredes e quebrou caminhos, em dinâmicas descaradamente desproporcionais às promessas de me agregar coisas novas. eu estava completamente errado a respeito de todo o resto. não é que foi só isso. foi muito menos. muito menos mais.
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