se você tivesse salvado os momentos de forma correta, dizendo as palavras que tinham que ser ditas, eu não precisaria estar fingindo que nada me desagrada. pelo contrário, o amanhã já parece obscuro demais para nós - ameaça nossa existência rápido demais. e a gente morre. a gente morre com cada dia que passa, com cada ciclo que termina. a opção foi sua e eu simplesmente concordei. nenhuma luta vai mudar o curso da nossa história: o fim já está certo há muito tempo. agora que beiramos os desfechos, deixe-me olhar dentro dos seus olhos e silenciar antes de partir, te surpreendendo com a rapidez com que desapareço, justamente por ter entendido tudo antes de você começar a pensar a respeito. sempre foi assim. e dessa vez, dessa vez não vai ser diferente.
sexta-feira, 30 de novembro de 2012
sábado, 24 de novembro de 2012
WILD
eram onze horas da noite quando minha mente desistiu. as pontadas contra a pele derrotaram as luzes que passavam contra os vidros, e tudo embaçou. eu sorri por ter descoberto o meu limite. sorri por ter descoberto o fim. sorri por ter descomplicado. tudo já me parece limpo demais. senti o bater do esqueleto contra a pele. a maioria do meu aparato surtiu efeito, e eu sobrevivi. me despeço do que eu era da melhor forma possível. é hora de recomeçar.
quinta-feira, 22 de novembro de 2012
TRUE BLUE
estou encharcando os dias de probabilidades. meus planos passaram a traduzir uma característica minha que já me apontaram há um tempo atrás: o calculismo. minha vida se transformou em tabelas, em números finos sobre uma centena de milhar. tudo gira em torno do sim ou não e dos seus desdobramentos: quando, para onde e como. ajo como se nada me atasse ao que tenho, mas estou incontestavelmente preso por uma série de fatores cruéis, difíceis de serem dobrados, adaptados, reformulados - são apenas revistos, com uma ponta de lamentação. pouso tímido na morada da incerteza. pelo amor de Deus, estão enfiando uma estaca no meu peito! será que alguém além de mim pode considerar fazer algo a respeito? tento dormir com o ressoar das vozes que impulsionam e suportam saltos grandes demais. por acaso, alguém chegou a dizer o contrário?
terça-feira, 20 de novembro de 2012
time
vou manter isto da melhor maneira possível, e talvez, da mais curta também. eu não tenho muito o que falar. encontro-me deslumbrado demais pelos segundos que antecedem as grandes tempestades, com folhas de árvores se despregando, galhos que dançam, meu cabelo virado pro lado contrário pelo vento. eu permaneço imóvel, nem um pouco acuado pelas nuvens que escurecem e torcem suas feições ao contrário, uma ao lado da outra. mas meu cigarro acaba rápido demais, como todo o resto. qualquer veia aberta a qualquer segundo jorrará lembranças, vencendo a batalha contra a pele. e eu espero que a estourem logo. eu cansei de ter que lembrar.
sábado, 17 de novembro de 2012
BIENVENUE I
as músicas insistem em se repetir nas sequências erradas. eu nem me conheço mais - me jogaram ás traças junto a costa do mar, em varandas com cheiros inócuos, em manhãs dispensáveis. estou cortando a pele pra sair de carcaças vazias. me pego dando boas-vindas para a última reviravolta de nossas histórias. o último marco. esta é a última parada. e é justamente aqui, onde nada existe mais. quero dormir ao dobrar a esquina e acordar junto a relva, onde qualquer frescor de qualquer nova realidade encha meus pulmões de vontade de viver. vocês já me apodreceram. e eu sei que, além disso, a vida pode me dar muito mais.
terça-feira, 6 de novembro de 2012
pure
cada hora guardou e eventualmente revelou sua potência ao escancarar fatos que levei como sucessivos socos no estômago. talvez eu tenha me tornado redundante ao cair no esquecimento. o único calor que sinto provém do assentamento da dor dos golpes contra a pele, e por um momento, isso me pareceu suficiente. minhas mãos se desapegam devagar a partir do momento em que as coisas nas quais eu segurava com tanta força passam a queimar. queimam como carvões que chicoteiam impressões e avermelham a superfície. as máquinas já não precisam de mim para funcionar. minhas criações estão vagando por aí, bem sucedidas, sem nenhuma espécie de saudosismo, nostalgia, sem nenhuma gota de saudade - enquanto bebo litros de líquidos amargos sentado, reservado em cantos de salas, esperando o tiquetaquear do relógio me alertar que devo partir. a partir daí, as coisas passam a se degradar por vontade própria. são paisagens esquecidas, momentos que retrocedem, palavras que esvaecerem. mofam como fotos antigas. mas a noite, a noite era minha. os caminhos que tracei eram indiscutivelmente meus, por mais que, por ora, eles pareçam não ter me levado a lugar algum. deixe-me carregar esta sina. ela eventualmente espalhará no vento como espalham-se as cinzas, levando consigo um pedaço meu, que terá se tornado cinza também. no final meus olhos relutarão ao olhar pra trás. mas tiros trocados não doem. cinza por cinza, tudo fica bem. tudo fica bem?
domingo, 4 de novembro de 2012
the cloud of unknowing
"on the cloud of unknowing
my world seems open
my world seems open
every satellite up here is watching
but I was here from the very start
trying to find a way to your heart
all the days are forgetting
they've gone out with the tide
lost at sea somewhere, waiting
like setting suns at the rodeo
trying to find someone you'll never know
oh, sinking love
on the cloud of unknowing
every satellite up here is wanting
waiting to see what the morning brings
may bring sunshine on it's wings"
may bring sunshine on it's wings"
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