sexta-feira, 15 de junho de 2012

cupid de locke





















nem abri a janela do quarto mas vi como meus braços se estenderam sob o parapeito, tingidos de amarelo pelo sol. me senti bem ao poder concluir que depois de muito tempo, o céu azul e as nuvens cinzas encobriram superfícies que me pareceram suaves. fáceis. estendiam-se em campos claros, saindo duma rotina de linhas duras desenhando um maxilar, de vitrais listrados em cinza, de esperar por palavras que nunca foram ditas. agora tudo me parece etéreo, e me convence de que estou sozinho mas não tenho nenhum receio de enlouquecer. preciso de horas vazias pra me reencontrar. estava com saudade de mim. saudade de pausar momentos. saudade de ficar aqui. saudade de me sentir vazio e limpo, e de poder piscar os olhos lentamente. fazia muito tempo que tudo não acontecia tão lentamente assim. 

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