I'm saying goodbye

de começo eu tinha pena de ter que abandonar tudo isso. agora, não mais. aceito o que veio a acontecer como parte de mim. as vezes dar as costas e andar pra longe um do outro pode parecer confuso, agora me parece... certo. a fumaça e o sabor de fruta mordida se misturam na saliva, entregar o que deixamos um com o outro, devolver o tempo que consumimos. as estrelas mudam de lugar, e cada um tem que seguir a sua, que vão pra lados diferentes. algumas ainda permanecem juntas, outras chegam e se unem ao bando, novas, frescas. vocês ficam, e eu vou embora.. eu amo vocês, muito. são grandes pessoas, que me fizeram muito bem.. mas não sou mais aquele menino que ficava no computador com os outros atrás, rindo de coisas que não vejo mais graça. já tive o bastante de tudo isso, agora é hora de ir embora.

promise me you won't give up

odeio ter que fazer isso com todos vocês. interromper tudo, de uma hora pra outra, porque escapou de mim a consciência que eu julgava ter antes. as minhas mãos suam quando eu fico sozinho e a culpa é exclusivamente minha. mas não sou eu que posso fazer tudo isso passar. sinto que é só o começo de tempos difíceis. nunca escondi isso de ninguém. mas algo me sopra no ouvido, o medo diz em sua terrível voz que ninguém vai aguentar tudo isso. e acho que é disso que eu tenho medo.

tell me what to swallow

não consigo mais não depender de ninguém. me sinto uma merda por isso, meus dias imprudentes parecem ter acabado, todos.. foram intensos demais. acabaram num hospital, e com uma agulha acoplada na minha veia. eu preciso correr de tudo isso, mas dói.. cada passo que fico mais longe queima meu corpo.. eu não consigo mais abrir os olhos do jeito que eu abria. alguém atrás de mim, querendo me levar mais longe ainda.. porque não importa o quanto eu corra, eu nunca vou estar longe o bastante. vou estar perigosamente perto demais.. perto demais do meu passado, e perto demais das mãos que querem me arrastar prum futuro prisioneiro. tenho medo. muito medo.

like me, like me before

na janela a luz do poste que passava a caminho do hospital se repetia.. parecia fazer um tracejado translúcido contra o céu escuro. o meu peito apertava e parecia querer jogar uma pedra pra fora de mim. subia até a garganta e caia de volta ao perceber que não ia conseguir sair. eu ainda sinto, de leve. ainda sinto os pés voando na janela enquanto eu sentado olhei pra cima, e pra baixo, quando vi os pés balançando. extrapolei na dose, perdi a confiança e não me orgulho do que fiz.

surrender

os dias alternam, e levam agarrados nas horas algumas metamorfoses inesperadas. nunca imaginei que a minha história tomasse esses caminhos, e que tudo caísse tão fácil.. em partes, revelando algo novo depois dos escombros. os olhos e corpos famintos, sugam a cena e enchem o pulmão de ar, e de ilusões. algumas palavras vêm erradas, machucam. algumas somas geram resultados surpreendentes.. enquanto outras subtrações se enchem de possibilidades. eu lembro de ter jogado meus braços pra cima e olhado pro alto, sorrindo. deixo agora tudo nas mãos de quem se prove capaz de continuar o que eu dei início. atracadas ao meio-fio jazem as estrelas que julgamos impossíveis. as chutamos envoltas na água, e caio exausto logo em seguida, esperando alguém me acordar desse escuro, me estendendo a mão pra recomeçar.

it's true it's sad it's us it's them

a vida passa em sutis vultos, as rodas desgastam a estrada e a estrada desgasta as rodas. os fios sobem e descem numa dança ordenada.. fecho os olhos e viro pro lado onde vejo todos vocês. vejo todas as histórias esperando pra serem continuadas. sei de tudo e jogo ao vento, então não sei mais de nada. eu não estou comandando o que me rege.. só me resta esticar os braços misticamente, com os olhos fechados e começar.. "you're spinning me around"

our skin is ash, ashes to ashes

existem algumas barreiras, mas nada que nos deixe afastado dos nossos objetivos.. andamos tortos na linha da juventude. eu subo na pequeno espaço alto do muro, o rodrigo escorrega pelo corrimão da escada enorme, os dois pombinhos ficam no primeiro degrau, abraçados. não temos idéia de onde a noite podia nos levar. não paramos de rir, somos incansáveis, inquebráveis, irresponsáveis. somos jovens herois em busca de nada além de um ao outro, encobrindo a noite na sombra dos giros que dei no meio da rua.. do olhar pro céu sem cansar. acho que nunca vou esquecer de nada daquilo. nada, além de vocês.

cold outside. too cold outside.

temo por nós.. por desatá-los.. desatar os nós de nós. quebrar as cordas, racha-las ao meio, abrindo as veias, dividindo a carne. por um ponto final nas nossas histórias que ficaram ao meio. interrompidas, derrubam as paredes do quarto e levantam a poeira em que tentamos nos esconder pra sempre.. levantar o caos com o intuito de derruba-lo e nos perdermos na confusão. temos medo.. medo de sofrer demais. camuflamos contra os móveis cobertos de névoa, numa tentativa inútil de vocês não nos verem. corremos, pra não ver o estrago que fizemos em tudo, deixar pra trás. somos covardes, cruéis. somos frágeis, por favor... não nos quebre.

light the fire, give us the alcohol, give us the chance

é a nossa hora. é o nosso tempo de viver o que temos pra viver agora, e que talvez não possamos viver depois. a adrenalina correndo pelas veias, a garganta queimando, o cheiro de queimado com as mãos sujas cor de asfalto, cabelo molhado, cheiro forte - um sorriso em cada um. gritos, piadas, noites, a luz do poste piscando, o sol chegando baixo. sabemos de tudo, o gosto de tudo, o que nos aguarda. sabemos correr se tudo der errado e onde se encontrar depois. sabemos as conseqüências, todas elas.. sabemos que é hora de se divertir. o cosmo nos envolve, cambaleando alterados, reescrevendo o que todos tentaram prever. é o ápice, o auge, a hora de desfrutar tudo o que conseguimos.. que pode parecer pouco, mas não é. a verdade é que só estou tentando ser feliz. e se você não gostar, bem.. você não tem porra nenhuma a ver com isso.