quinta-feira, 22 de julho de 2010

no one's got it all

foi uma opção sua, eu não posso me torturar por isso. porque eu nunca tive controle. mas o sol rachando pela cortina se junta ao meu corpo, reflete a luz e eu fecho os olhos porque vai ser sempre assim, vou ser sempre só.. vou ficar sempre pra trás. talvez porque eu não sou bonito, talvez porque eu falo pouco.. talvez eu venha vindo tarde demais, talvez você não tenha conseguido ver. talvez você tenha ido embora, como você foi. essa é a minha vida e esse sou eu, acabado, desgastado, jogado no canto. você envolto na tristeza, levanta os olhos do outro canto da sala, recluso e me olha varando toda a distância que nos separa. eu vou deitar e fechar os olhos, esperando você se levantar. enquanto isso, eu mergulho na mais profunda inconsciência enquanto posso me afastar da possibilidade de acordar os olhos e saber que você nunca quis estar aqui.

terça-feira, 20 de julho de 2010

misery is

eu não consegui concluir nada enquanto percorria a avenida de bicicleta, olhando pros lados, atento. nem mesmo quando eu parei na subida calma, e encostei minha bicicleta no meio-fio.. minha vida parecia uma bagunça de qualquer maneira, em qualquer lugar. o copo de whisky não ia mudar nada, nem as pequenas doses de alegria em fumaça que acidentalmente deixei cair do bolso da blusa em algum ponto do meu passeio. encostei a cabeça no banco da bicicleta, deitado na calçada, olhando pra cima, esperando que um raio caísse sobre mim. um trabalhador da construção ao lado e uma mulher vieram me perguntar se eu estava bem. sorri falso, forçado me obrigando a dizer que sim e os deixando seguir com o sua rotina. porque nada mudaria se eu não estivesse aqui, talvez até fariam as coisas mais fáceis nesses tempos difíceis.. é horrível se sentir como se sua vida fosse um desperdício, um fardo que você tem que carregar sem razão. recolhi a bicicleta depois de uma hora, com medo de ter preocupado meu pai com a minha longa ausência, e voltei pra minha montanha mágica, deixando os cacos como rastros insignificantes pelo caminho.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

sexta-feira, 16 de julho de 2010

orchestra

fogem do meu controle ao se debaterem pela minha mão e escorregar no pequeno vão entre os dedos, desintegrando seus corpos em grãos e dominando o ar que me envolve. o caos a minha volta parece ordenado por uma corrente mística que rege a destruição, os cortes, as mortes espelhados contra seus opostos, da vida brotando pura e inocente, protegida do carregado ar cinza que a ameaça, pelas mãos do que não vemos. a vida em si não pode ser controlada por nenhum de nós. em meio a tantas incertezas, eu queria poder resguardar a consciência de que você pertence a mim.. mas você corre do caos que me envolve parado, abrindo as veias e rasgando a pele, com medo de se machucar também.

terça-feira, 13 de julho de 2010

sometimes I dream

você não veio. não é por minha opção que estou aqui. não tem ninguém pra me salvar, ninguém aqui. só tem eu, imaginando como seria se tudo tivesse ido bem.. tentando reunir os cacos que ninguém se oferece a me ajudar, me cortando sem querer, procurando partes, refazendo o quebra cabeça.. tentando viver quando parece que ninguém mais quer.. pelo menos não comigo. esse sou eu, despedaçado no quarto com duas caixas de som, um vinil rodando e alguns chiados, envolto na atmosfera que eu tinha preparado e que me foi tomada pela falta. me dizem que vale a pena viver, mas e se for assim, o que faz a vida valer a pena?

domingo, 11 de julho de 2010

this hurts

misterioso é o que não possuímos, que não existe, mas que sufoca o ar e nos torna densos. jogamos pra baixo da cama, e o afundamos em poeira. mas nunca deixamos pra trás, o carregamos conosco e se dermos sorte as pequenas asas se estenderão pra fora dos nossos bolsos quando nos encontrarmos e nos encantarão por alguns segundos.. porém regressarão aos nossos esconderijos quando sentirmos falta de escondê-lo. até quando é seguro manter esse interminável ciclo não sabemos. porém, a adrenalina dada a chegada a realidade do que procuramos afundar dentro de nós, insegura e hipnotiza.. é um vício inóspito eterno, que não podemos simplesmente abandonar.. pelo menos não tão cedo.
"Tudo que se passa no onde vivemos é em nós que se passa. Tudo que cessa no que vemos é em nós que cessa." Fernando Pessoa

sábado, 10 de julho de 2010

please

eu sei que agora é o momento de tomar a decisão que eu adiei esse tempo todo. posso estar me torturando por nada, mas eu simplesmente sinto que é agora. que não pode ser amanhã. que não podia ser ontem. isso põe um ponto final em toda essa inevitável história, abre novas veias pra um sangue novo correr, e me possibilita largar tudo e andar pra trás, fechar os olhos e contar cada passo que me distancia disso tudo. é a minha hora de assumir um controle que não possuo, de admitir o inadmissível - caindo de costas pra água. hora de afundar, e de voltar a superfície do jeito que eu bem entender. o peito carregado, costas curvas. mas de alguma maneira, eu me sentia completo naquele instante de segundo que voou com a brisa que varreu a rua, e me perdeu, incontrolável.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

if this is magic, where are we?

o fantasma me cerca e distorce a sombra, traga o ar. deixa tudo um pouco mais frio. me cerca, invisível. intransponível. desvia do meu vago olhar, numa constante tentativa de mascarar o que eu sei, só não tenho certeza. as paredes roxas parecem aumentar, me prendem nesse frasco que você manipula e logo larga quando eu percebo que é você que fica me fazendo debater de um lado pro outro. sinto que é algo que não gostamos. o ser que me acompanha faz da caminhada até a tampa um pouco mais árdua - cria obstáculos, me cega por segundos e me faz me perder. a dúvida me impede de chegar onde quero chegar. agora, se você puder me ouvir, eu te dou duas opções: me deixar lutando contra mim mesmo até eu conseguir sair cortado em pedaços ou simplesmente abrir a tampa de maneira indolor e deixar que a inevitável leveza da essência do meu ser se espalhe pelo ar, pondo fim a assombração que me persegue, deixando-me totalmente entregue, te estendo os braços e te dou o direito de injetar nessas novas veias o que você julgar melhor. se for amor, que seja amor.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

terça-feira, 6 de julho de 2010

bete balanço

limito. a culpa é estritamente minha por te colocar nessa situação. reluto, mas você ainda consegue inspirar isso, amar tudo o que você ocasiona. acho que estamos certos, um pro outro. me uno ao chão. sinto o calafrio, no primeiro toque, mas acostumo. tenho aquilo como meu, parte de mim. acho que somos assim também. lembro das primeiras palavras, de quando você me chamou de cazuza. eu sabia que a partir dali, eu não precisaria de nada mais cômodo. parece interminável o nosso jogo de ímãs, que magnetiza você pra mim, assim como as minhas costas nuas e o piso frio. é que eu não canso. doentio.

domingo, 4 de julho de 2010

guess I'll just have to deal with it

sua presença é inevitável. o que mais me assusta é o estranho modo como você consegue alternar em meus pensamentos, passar por minha cabeça numa imagem de constante mudança. dominar tudo e não possuir nada. assumir opostos ao mesmo tempo. assumo que essa distorção é de culpa completamente minha. talvez porque minha natureza me impeça de olhar detalhe por detalhe, tragar palavra por palavra antes de eu ter desistido de dar um sentido pra tudo isso. ou talvez, pra que de certa forma eu continue te tendo mesmo sem te ter. ficando completamente vulnerável nesse meio termo configurável e devastador.

sábado, 3 de julho de 2010

I do not have any plans.. but does that have anything to do with the fact that everything keeps going wrong?

não posso ser hipócrita ao ponto de invalidar seu ponto de vista de primeira, sem prévia análise, sem considerá-lo por pelo menos uma vez. e se for verdade que nada nos envolve, que não há mistério no universo? que nenhum tipo de mágica nos rege, que não tivemos estado natural porcaria nenhuma? como ficamos, onde paramos, porque vivemos?