existem certas quedas que tem seus fins nelas mesmas. por mais ultrajante que possa parecer, no que se diz respeito ao desenrolar dos fatos, tudo se justifica em sua própria existência. o porque está no físico dos lugares em que dividimos lanches, espelhos que nos olhamos, elevadores em que pude te olhar com mais atenção. o porque está na atmosfera atemporal de todos os momentos que trocamos palavras, provocamos risadas, mudávamos o tom de voz. pensando bem, se eu fecho bem os olhos, consigo lembrar da ponta dos teus dedos procurando as minhas no banco de trás do carro – existe algo de triste na inconsistência da recordação. a maneira com a qual elas se tornaram escassas e deixaram de aparecer espontaneamente no que eu penso foi um prelúdio ao fim. prelúdio este que, agora com as luzes acesas, entendo que você tenha deixado escapar pelos dedos, ou pelo menos tentado contrariar. pareço pertencer a uma onda diferente da que você se perde, predestinado à andar por paisagens cujas quais os cenários faíscam e queimam a pele a qualquer sinal de desatenção. obrigado por me mostrar que existem outras perspectivas de se encarar a vida. eu, infelizmente, não posso fugir da minha ainda.
domingo, 12 de outubro de 2014
Assinar:
Postagens (Atom)